terça-feira, 8 de setembro de 2009

João António da Luz Robim Borges

Nasceu em Lisboa, em Maio de 1858.
“Descendente de uma família de negociantes, que pela sua actividade e honradez nunca desmentida, alcançaram avultados bens, encontrou-se ainda novo de posse duma fortuna importante… … herdeiro da antiga Quinta do Borges, na Várzea, com dinheiro, com energia e com bom gosto, conseguiu transformar radicalmente o abandonado prédio numa esplendorosa propriedade, numa magnífica vivenda, talvez sem igual no concelho da Figueira”.
Começou por residir numa casa sita na Rua da Lomba, actual Rua José da Silva Fonseca, na Figueira, e quando acabou a construção da sua vivenda na quinta, para ali se mudou com sua família.
Morreu em Novembro de 1908, com 50 anos de idade. “Coração generoso e aberto a todas as manifestações altruístas, espalhou largamente parte dos seus fartos cabedais, em auxiliar os que a ele se dirigiam e que nunca bateram em vão à sua porta”, comenta-se na notícia do seu falecimento.
Havia dotado a sua quinta, que ampliara graças às aquisições dos terrenos limítrofes, com todo o equipamento moderno então existente. Além da agricultura, também a pecuária o entusiasmou, pelo que foi grande empregador de pessoal para trabalharem as terras e cuidarem dos seus gados. Para venda dos seus produtos, abriu um estabelecimento no Bairro Novo.
Foi vereador na Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Também se interessou pelo associativismo local. Foi presidente da Direcção do “Bijou Tavaredense”, associação que manteve uma secção dramática e uma tuna, e da qual foi grande animador António Proa.
Foi casado com Pastora Garcia Mensurado, cujo casamento se efectuou na igreja de Tavarede.
Foi protagonista de um episódio muito curioso, em 1892, quando ainda morava na Figueira. João Robim Borges esteve preso na cadeia local “cumprindo uma pena que não significava mais do que uma aplicação de justiça em desafronta da sociedade, porque o sr. Robim aplicara duas bofetadas no sr. Mariano Goulart, por este se ter negado a dar-lhe uma explicação a propósito de palavras menos bem recebidas, proferidas pelo sr. Mariano quando o sr. Robim quase o havia atropelado ao passar por ele de carro”.
Pois, logo que se espalhou a notícia da sua saída da cadeia, foi, em primeiro lugar e pelas horas da “sesta”, a Filarmónica Dez de Agosto tocar à sua porta, felicitando-o. Mais tarde, foi a vez da Figueirense, “tocaram para aí umas quatro peças do seu bom reportório”. E para além do povo, que enchia a rua, lá foi “a corporação dos bombeiros voluntários, na força de uma dúzia ou mais, encapacetados, marchando militarmente”.
E a notícia do acontecimento continuava. “Tanta apresentação na rua vai-lhe dando uns toques de comédia ou de… palhaçada. Esperávamos lá, também, a Associação Comercial, a do Montepio, as diferentes irmandades, empregados públicos, etc. Tudo! Quanto de ridículo e de não sabemos o quê, o sr. Robim encontrará em tudo isto? Se não tivesse a fortuna que tem o que faziam?
… nós felicitamo-lo pela sua soltura da cadeia, porque não podemos esquecer um cavalheiro que do coração abre a sua bolsa aos pobres proletários, valendo a muitos, como o tem feito, enxugando muita lágrima, demonstrando uma alma nobre, o que é sempre apanágio das organizações raras”.


(Caderno: Tavaredenses com história)

2 comentários:

  1. Este senhor foi efectivamente casado com D. Pastora G Mensurado (2º casamento) e foi então que perfilhou os 3 filhos ilegítimos, Joaquim, Helena e Luís. Nasceram da relação extra conjugal que tinha com a D Pastora. A D. Pastora já tinha um outro filho João Garcia Mensurado, duma anterior relação não conjugal com alguém cujo nome se desconhece por não o ter perfilhado.
    Consultar publicação Tavarede: Terra dos meus avós: João Antonio Luz Robim Borges

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