sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Maria Teresa de Oliveira


Natural de Tavarede, onde nasceu no dia 16 de Junho de 1907, era filha de Gentil da Silva Ribeiro e de Emília de Oliveira.
Foi uma das mais distintas amadoras do grupo dramático da SIT. Pisou o palco, pela primeira vez, num sarau organizado pela professora da escola primária, comemorativo do “Dia da Árvore”, no qual recitou a poesia As Árvores.
Em Janeiro de 1921, tem o seu primeiro papel numa representação, daquele grupo cénico, da peça A Espadelada, uma opereta então representada exclusivamente por crianças e ensaiado por seu irmão, José Ribeiro. “… uma garota ainda dos seus 12 anos, encarnou à maravilha um papel de velha mãe, com seus falares pausados, o passo cansado, o gesto lasso”.
A partir de então foram cerca de setenta as personagens a que deu vida. Será difícil referir quais as suas melhores interpretações. Mas, de todas elas, ficou célebre a sua figuração de Isabel Peixinha, em Chá de Limonete, que, no dizer de um crítico, conseguiu “ser mais bruxa do que a própria bruxa de Buarcos”.
Em Fevereiro de 1969, a Sociedade de Instrução promoveu-lhe uma festa de homenagem. “Bonita festa a que homenageou Maria Teresa de Oliveira, que há meio século se devota ao Teatro e à Benemerência. Muitos dos seus admiradores foram a Tavarede, numa noite de Inverno impiedoso, dizer-lhe, com a sua presença e seus aplausos, que não olvidam o que ela representa no mundo de hoje. O que vale a sua devoção, o seu exemplo, a sua entrega, total e desinteressada, a uma obra de Arte e de Bem Fazer. Cuidar dia a dia dos mil pormenores que exigem a actividade permanente dum teatro e dum grupo de teatro. E tudo desinteressadamente. E tudo tão naturalmente, como se respira…”.
“…Foi um exemplo de rara dedicação à Sociedade de Instrução Tavaredense, onde a sua actividade se desdobrou em múltiplos aspectos, quer como amadora distinta do seu grupo cénico, quer como colaboradora permanente de seu irmão, José da Silva Ribeiro, na execução de várias tarefas que a montagem das peças exigia”.
Da festa de homenagem que lhe promoveu a sua colectividade de sempre, transcrevemos o retalho seguinte: “… cuidar da sua vida, dos seus problemas próprios, duma família tão experimentada por tantas vicissitudes, e ainda devotar-se profundamente, dia a dia, ao longo de meio século, a uma tarefa de valorização da Grei. E sem se pôr nos bicos dos pés, sem afrontar ninguém com os seus méritos reais e invulgares…
… ajudou a pôr em cena muitas dezenas de peças; estudou muitos papéis; percorreu o País, quase sempre desconfortavelmente, para que a maior receita possível fosse beneficiar o maior número de necessitados; nunca recusou, nunca voltou as costas, nunca esperou que lhe batessem encarecidamente à porta. Com a Maria Teresa todos, em toda a parte, podiam contar. Todos, sem excepção, num diálogo de 50 anos”.
“Maria Teresa era o exemplo vivo do que é capaz uma pessoa desprovida de bens materiais: capaz de construir uma obra de bondade devotada aos que precisam, aos que carecem de tanta coisa, e que encontram em Maria Teresa e nos amadores de Tavarede um auxilio desinteressado e pronto”.
Era sócia honorária da Sociedade de Instrução e morreu no dia 7 de Dezembro de 1981.
“Quem esquecerá, jamais, a figura da Isabel Peixinha, a bruxa de Buarcos, que Maria Teresa tão magistralmente soube criar, e a Genoveva, de As Árvores Morrem de Pé, ou ainda a Ana de Os Velhos, a Mamette de A Nossa Casa, a D. Constança de A Conspiradora e tantos, tantos êxitos que esta exemplar amadora de teatro tão bem soube criar? Anónima, como sempre pretendeu que fosse a sua vida, assim faleceu”.
Foram cerca de 80 personagens que ela encarnou, até 1971, em História e histórias de Tavarede. “A extinta foi, desde muito jovem e até há poucos anos ainda, uma destacada amadora do grupo da SIT, desempenhando em inúmeras peças de grande valor literário, personagens difíceis, mas sempre bem conseguidas”.
(Na foto: Peça "Os Velhos)
(Caderno: Tavaredenses com história)

1 comentário:

  1. Sr. Vítor Medina,

    Obrigada pela sua mensagem, aproveito também para felicitá-lo pelo seu blog que costumo seguir regularmente, também pela indicação da Inês.
    Não sendo Tavaredense de nascença, aprendo imenso com as histórias de vida que escreve, ficando a conhecer melhor o passado da SIT e de Tavarede. Acho o seu trabalho de grande valor.
    Falando da SIT, casa que sempre me recebeu bem, a ela só tenho a agradecer, e por ela vale apena continuar a fazer história.

    Cumprimentos Raquel

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