quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Jorge Monteiro de Sousa e José da Silva Maltez

Hoje vou escrever um pouco sobre dois conterrâneos nossos, que apesar de algo doentes, ainda estão e estarão entre nós durante mais alguns anos. Todos os conhecem, todos os admiram e todos sabem que foram, e são, duas das grandes dedicações da Sociedade de Instrução Tavaredense.

Não foi a pisar as tábuas do palco a representar, embora também o tenham feito, mas, sim, nos bastidores, trabalhando na montagem dos cenários, pendurando-os na teia, fazendo-os subir ou descer conforme as necessidades. Quem não conhece o trabalho necessário para a montagem das cenas? E então no palco antigo era um verdadeiro milagre conseguir a montagem de peças como, por exemplo, 'Chá de Limonete" e tantas outras, com diversas mudanças feitas sem falhas, em curtíssimo espaço de tempo.
Justíssima foi a homenagem prestada a estes dois grandes amigos da Sociedade, nomeando-os sócios honorários e colocando as suas fotografias no salão nobre da colectividade.

O Jorge é mais antigo. "Foi com dezassete anos que comecei a dar a minha colaboração ao grupo cénico", disse-nos ele aquando da elaboração do seu depoimento para o livro do Centenário. A primeira peça que ajudou a montar foi "A Nossa Casa", em 1943. Largas dezenas de cenários lhe passaram pelas mãos... Sob a orientação de Mestre José Ribeiro o Jorge Monteiro trabalhou no palco muitos e muitos anos enquanto a saúde lho permitiu.
Mas também representou. No auto de Gil Vicente, "Auto da Barca do Inferno", na década de 40, foi-lhe confiado o papel de 'Escudeiro', transportando a cadeira do fidalgo. Em tudo quanto era necessário, lá estava o Jorge a trabalhar. Nos bailes, montando e desmontando o estrado, que se instalava por cima da velha plateia, nas festas de arraial, fazendo as cordas de louro e de heras, montando os pavilhões, o mastro principal e, recordo-me perfeitamente, fazendo as pequenas pastilhas de gesso que serviam na barraca de tiro ao alvo... E até praticou desporto, pois fez parte da equipa de basquetebol da SIT. E isto foi há tantos anos... Quantas recordações, Jorge?

A equipa de basquetebol da SIT:
de pé e da esquerda para a direita - Vitor Medina, Jorge Monteiro, Manuel Lontro e José Figueiredo. à frente, João Pedro Amorim, José Ramos e Fermim Ferreira.






O Zé Maltez começou um pouco mais tarde a colaborar no palco. Mas, como ele recordou no seu depoimento, ainda chegou a ser professor na escola nocturna da colectividade que acabou em 1941!
Embora como ajudante, foi um grande colaborador do Jorge na montagem das cenas, cargo de que assumiu a responsabilidade quando o Jorge ficou impossibilitado de exercer estas funções, embora continuasse sempre a ajudar de acordo com as suas possibilidades físicas.
O Zé tem uma ligação muito especial à nossa colectividade. Seu avô, Fradique Baptista Loureiro, foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Direcção da SIT, lugar que desempenhou de 1904 a 1907.
A sua estreia como amador foi em 1950, na fantasia "Chá de Limonete". Entrou na cena da "Doação de Tavarede", figurando papel de 'Mordomo do Rei'. Depois continuou e, ainda em 2006, participou no espectáculo dos 20 anos da morte de Mestre José Ribeiro. E dançava, com a Augusta Marques, muitíssimo bem, a 'Valsa do Limonete'.

Quantas recordações o Jorge e o Zé Maltez terão!!! Bons tempos!!! Mas, felizmente, ambos continuam a marcar presença quando solicitados. Que o possam fazer durante muitos anos, é o que sinceramente deseja este velho amigo.





Por recordações...
Por volta de 1950, fizémos um passeio a Aveiro, em bicicleta. Durante o almoço, numa tasca naquela cidade: O Zé Maltez, o António Marques e o António Tavares. Do grupo fazia parte o Zé Tavares, eu e não me recordo se havia mais algum.

2 comentários:

  1. Que emoção ao ler estas palavras de apreço ao meu amigo e antigo colega de trabalho, José Maltez. Um abraço sentido querido ZÉ...

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  2. Caro Amigo Anónimo

    Teria todo o prazer em entregar o seu abraço ao nosso comum amigo Zé Maltez. Mas faço-o como? Em nome de que amigo? Não puderá dar mais quaisquer indicações?

    Vitor Medina

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