sábado, 6 de fevereiro de 2010

António de Oliveira Lopes

Nasceu em Tavarede no dia 9 de Fevereiro de 1903, filho de Joaquim Lopes e de Augusta G. Oliveira. Foi casado com Emília Rodrigues Cordeiro e tiveram um filho, António Francisco. Faleceu no dia 5 de Outubro de 1974, contando 71 anos de idade.
Fez a instrução primária em Tavarede, tendo por professora D. Maria Amália de Carvalho, de quem sempre se mostrou, em toda a sua vida, devotado admirador.


Continuou os estudos na Escola Dr. Bernardino Machado e empregou-se nos escritórios da Companhia da Beira Alta.
Desde muito novo que o associativismo o atraiu. Foi elemento activo nos corpos sociais do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, desempenhando o cargo de presidente da Direcção durante o período difícil que acabou por levar a colectividade a vender o edifício da sua sede e a terminar com a sua secção dramática.
Entretanto, dedicou-se com entusiasmo ao desporto. Como corredor pedestre, participou em variadas competições, nomeadamente em voltas pedestres à Figueira, chegando a campeão distrital da légua, numa prova disputada em Coimbra, em Agosto de 1923. O remo foi outra modalidade desportiva em que se distinguiu, integrando uma tripulação do Ginásio Clube Figueirense que se sagrou campeã nacional em 1931.

Prestou serviço militar em Coimbra, sendo soldado na bateria de Artilharia 2.
Enquanto colaborador do Grupo Musical, foi professor na escola nocturna, encarregando-se também da aula de ginástica. Esteve presente, igualmente, na fundação do Atlético Clube Tavaredense.
Foi ele quem adquiriu o edifício sede do Grupo Musical, nas condições da colectividade ali continuar a exercer a sua actividade, mediante o pagamento de uma renda mensal. Todavia, como a associação falhou a liquidação da renda, tendo um atraso de dois ou três meses, mandou executar uma ordem de despejo e acabou por vender a casa à Diocese de Coimbra que, por acção do padre Cruz Dinis, ao tempo pároco em Tavarede, ali instalou uma nova colectividade, o Grémio Educativo e de Instrução Tavaredense.
Abandonou temporariamente o associativismo para se dedicar à autarquia local. Entretanto, em 1955, foi eleito presidente da Direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense, cargo que desempenhou em 11 gerências, até ao ano de 1969, tendo tido primordial acção nas obras de remodelação e ampliação da sede, inauguradas em 1965.
Desempenhou, ainda, o cargo de presidente da Assembleia Geral do Grupo Musical durante vários mandatos.
A sua acção principal em Tavarede, foi, contudo, como membro da autarquia local. Politicamente, nunca o ocultou, foi um fervoroso adepto do regime anterior, mas sempre utilizou a sua militância na defesa dos interesses da sua terra. Além de secretário e regedor, foi presidente da Junta de Freguesia durante 14 anos.
“Arranjo urbanístico de largos e alargamento e pavimentação das ruas, abastecimento de água ao domicílio na sede da freguesia, construção de lavadouros, recuperação de fontes para abastecimento de água às populações (a fonte de Tavarede, que embelezou, era a sua ‘menina dos olhos’), a electrificação pública de lugares da freguesia, ampliação do cemitério, etc., foram alguns dos melhoramentos que conseguiu realizar durante os seus mandatos”.
É claro que foi uma figura controversa. Tavarede tinha forte tradição republicana, o que acabou por originar algumas questões polémicas. Uma realidade ficou, todavia. Para ele, a sua terra estava sempre em primeiro lugar. Bastará ver, como exemplo, um telegrama que José Ribeiro, o grande defensor dos sagrados princípios da Liberdade e da Democracia, lhe enviou por ocasião em que um grupo de tavaredenses lhe promoveu uma homenagem como “justa consagração pública da obra bairrista”. “Alheando-me significado politico homenagem e reafirmando minha oposição actos políticos que condeno, junto meu aplauso aos de nossos patrícios louvando tua entusiástica dedicação, infatigável persistência ao serviço da nossa terra”.
Aquando do seu falecimento, escreveu-se numa notícia “… Tavarede perde um dos maiores obreiros do seu progresso. Na presidência da Junta, cargo para que foi eleito diversas vezes e a que só resignou por motivo de doença, ele desenvolveu notável actividade, realizando uma série de obras, que muito beneficiaram os diversos lugares da freguesia”.


Foi de sua iniciativa a homenagem promovida à primeira professora primária oficial da localidade, D. Maria Amália de Carvalho, e da colocação do monumento à criança no largo que tem o nome daquela professora.
Foi dado o seu nome a uma praceta em Tavarede, perto do Paço.

Caderno: Tavaredenses com história

Fotos: 1 - António de Oliveira Lopes; 2 - Acompanhando D. Maria Amália de Carvalho, aquando da homenagem que lhe foi prestada.

1 comentário:

  1. Decididamente ando com azar ou, então, talvez seja azelhice a mais. Recebi um comentário, julgo que referente à nota publicada sobre o tavaredense António de Oliveira Lopes e quando julgava que tinha dado instruções para a sua publicação, verifico que me tinha desaparecido. Já é a segunda vez que tal me acontece.
    Peço desculpa ao leitor que teve a gentileza de me enviar o referido comentário, o favor de novamente o enviar, pois tenho a impressão que lembra um acto de justiça a um conterrâneo nosso.
    Agradeço antecipadamente.
    Vitor Medina

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