domingo, 4 de julho de 2010

António da Silva Proa

Natural de Montemor-o-Velho, radicou-se em Tavarede em Agosto de 1876, depois de regressado do Brasil (Pernambuco), onde esteve alguns anos.
Foi hábil canteiro e deixou o seu nome ligado a diversas obras de incontestável valor artístico. Instalou oficina em Tavarede, passando, alguns anos depois (1887), para a Figueira, estabelecendo-se na zona do Pinhal.
Especialmente vocacionado para a construção de jazigos e mausoléus, também executava outros trabalhos, como: ”lagedos, cantarias, banheiras, repuxos, figuras alegóricas, lápides comemorativas, vasos, fogões de sala, etc”, como se refere num anúncio publicado. A cantaria da capela do Sagrado Coração de Maria, em Quiaios, é da sua autoria.
Trabalhou, em trabalhos de sua arte, nas obras de remodelação do palácio de Tavarede, mandadas fazer pelo seu proprietário, o terceiro conde, deixando ali a sua marca de artista.
Em 1899, esculpiu dois medalhões, com os bustos de Garrett e de Taborda, que estão colocados na frontaria do Teatro Ester de Carvalho, em Montemor-o-Velho, os quais ofereceu ao Montepio Recreio e Instrução, daquela vila, proprietária do referido Teatro.
Neste mesmo ano, uma notícia refere que ele foi “bastante palmeado nas suas cartas de magia”. Anos depois continuámos a encontrar referências a participações suas em diversos espectáculos como “ilusionista e fazendo sortes de prestidigitação”.
No ano de 1901 concorreu, com uma escultura em pedra, à Exposição Industrial e Agrícola da Figueira e, no ano seguinte, voltou a concorrer, no mesmo certame, mas dessa vez com um “almofadão a missanga”, obtendo, nos dois anos, medalhas.
António Proa foi, durante o seu tempo, um dos maiores entusiastas pelas festas populares em Tavarede, especialmente pelas festas sanjoaninas, das quais foi “mordomo” vários anos, encarregando-se sempre da decoração da rua principal e largos da povoação.
O associativismo igualmente lhe mereceu a maior dedicação. Com o apoio de João Robim Borges, da Quinta do Robim, fundou o teatro “Bijou Tavaredense”, instalado na velha casa da família Águas. Há uma notícia que refere: “assistimos, no pequeno teatro Bijou Tavaredense, à representação dos Reis. …. Distinguiu-se, no papel de Raquel, a esposa do nossa amigo Proa…”. Era casado com Emília Nunes do Espírito Santo, popularmente conhecida por “Emília do Cura”.
Quando esta associação acabou, em 1899, passou para a casa do Terreiro, de João dos Santos, onde foi um dos fundadores do Grupo de Instrução Tavaredense, antecessor da actual Sociedade de Instrução.
Morreu no dia 14 de Fevereiro de 1907, vítima de ”uma pneumonia que o assaltou impiedosamente, vitimando-o em poucos dias”. Foi pai de Francisco, João Nunes da Silva Proa e Clementina Proa, que casou com João Jorge da Silva.
A 17 de Fevereiro de 1907, a assembleia geral do Montepio Recreio e Instrução de Montemor-o-Velho, reuniu expressamente, deliberando “no sentido de render preito de homenagem e consideração à memória do seu querido amigo e benfeitor, que tantos obséquios nos dispensou em vida e que tanta saudade nos deixa” um voto de profundo sentimento e pesar.


Caderno: Tavaredenses com história

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