sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Francisco Cordeiro

Natural de Tavarede, filho de José Cordeiro e de Ana Pais, aqui nasceu no ano de 1862. Casou com Maria Guilhermina Rodrigues e teve três filhas: Guilhermina, Rosa e Emília. Faleceu em Março de 1918.

Comerciante, tinha um estabelecimento de mercearias e vinhos, mais ou menos a meio da Rua Direita. Foi um dos fundadores da Sociedade de Instrução, em Janeiro de 1904. Em 1910 desempenhou as funções de regedor.

“Há dias noticiámos que uma doença obrigara o nosso querido amigo a guardar o leito. Magoadamente o dissemos e apetecíamos ao estimado comerciante desta terra o seu pronto restabelecimento, para que de novo o víssemos no labor da sua vida quotidiana. Infelizmente, comovidamente, vimos agora dizer que a malvada morte mais uma vez quis provar-nos que de ninguém se compadece, e por isso, ontem, segunda-feira, acabava de registar nas páginas da sua negra e terrível agenda mais um nome, o de um dos nossos melhores amigos, acabava de nos roubar para sempre aquele bondoso e caritativo homem que se chamava Francisco Cordeiro.

Era muito nosso amigo, como o era de todas as pessoas que com ele conviviam, como o ficava sendo, enfim, de toda a criatura que com ele falasse apenas uma só vez, e é por isto, por nos lembrar que era extremamente bondoso, que nós de forma alguma podemos deixar de derramar algumas lágrimas de viva saudade ao lembrarmo-nos do quase inesperado e infausto golpe, que vem enlutar o coração de uma família extremosa.

Francisco Cordeiro, que não morreu velho, pois apenas contava 55 anos de idade, gozava aqui de muita estima…”.

Talvez devido à sua condição de comerciante e, portanto, interessado para o seu negócio, foi um grande entusiasta das festas populares em Tavarede, nomeadamente das antigas festas sanjoaninas. Ele e seu irmão, José Maria (ver nota), igualmente estabelecido com o mesmo ramo de comércio, apesar de serem muito amigos, rivalizavam na organização dos tradicionais festejos, montando cada um o seu pavilhão, onde animadamente dançavam os dois ranchos então existentes na nossa terra.

O pavilhão do irmão Francisco, devido à localização da loja, era muito mais pequeno que o de José Maria, pois este, vizinho do Largo do Paço, dispunha de espaço bastante mais amplo. Neste último dançava o Rancho Flor da Mocidade e no outro o Rancho da Alegria. Claro que, numa terra pequena como era a nossa, a rivalidade era muita. E os manos Cordeiro, amigos, amigos, negócios à parte, tudo faziam para prejudicar o outro em benefício próprio. Não olhavam a meios. E aconteceu que, em 1906, tendo tudo preparado, o Francisco verificou que o seu querido irmão lhe havia raptado os músicos contratados, pelo que ficou sem música para o seu pavilhão. No ano seguinte, 1907, sucedeu-lhe o mesmo. “tendo à hora de arranjar uma fanfarra composta de homens de antes quebrar que torcer”. E então vai de afixar um enorme letreiro, no seu pavilhão, onde havia escrito: NEM ASSIM.

José Maria reagiu. Como? Veremos na nota respectiva.

Caderno: Tavaredenses com História

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