sexta-feira, 20 de agosto de 2010

João dos Santos


Natural de Coimbra, nasceu no dia 26 de Outubro de 1860.
Muito novo veio para a Figueira, empregando-se na Tipografia Lusitana, de Augusto Veiga, onde aprendeu a profissão de tipógrafo.
No ano de 1886, João José da Costa, da Quinta dos Santos, tomou-o ao seu serviço, nomeando-o administrador e depositando nele toda a confiança, assim como D. Emília Duarte Costa, quando enviuvou. Por testamento desta senhora, foi o herdeiro da Quinta dos Condados e de outras propriedades.


Cerca do ano de 1890 fixou residência em Tavarede. “Era um espírito liberal, que sempre deu combate à reacção. Fundou e manteve nesta localidade, com outros amigos, uma escola nocturna, em que durante anos foi professor. Foi um devotado amigo e protector da Sociedade de Instrução Tavaredense”.


“Mas para que a Tavaredense possa cumprir devidamente os princípios por que pugna, reconhecidos como de um alto valor educativo, moral e cívico, para o povo daquela localidade, desbravando há mais de 13 anos o árido caminho onde se antolha, enervante e perigoso, o cancro do analfabetismo, um outro elemento prestigioso tem sido como que a escora sobre que assenta a cúpula desse edifício do Bem, onde a bandeira da Gratidão tremula, é que os seus benefícios admiram pelo seu grande zelo e entranhada devoção! E esse homem é, como todos sabem, o grande benemérito que se chama João dos Santos.


É ele que, além de relevantes auxílios prestados à “Tavaredense”, lhe cede também a bela casa onde ela se acha instalada, e tudo gratuitamente; e bem se pode ela julgar sumptuosa, - no meio modesto em que se encontra, - numa disposição encantadora, como salões apropriados para secções e divertimentos, gabinetes de direcção, salas de escola, etc., e uma excelente sala de espectáculos…”.

Durante alguns anos foi ensaiador do grupo cénico e, em 1912 escreveu a revista de sabor local “Na Terra do Limonete”, à qual se seguiu “Dona Várzea”, ambas musicadas por Gentil Ribeiro.
Sócio honorário e benemérito da colectividade, o seu retrato encontra-se exposto no salão nobre, descerrado numa homenagem que lhe foi prestada em Janeiro de 1914.


Prestou colaboração na Junta de Paróquia local, foi vereador da Câmara Municipal da Figueira e provedor da Santa Casa da Misericórdia. Muitas associações e colectividades mereceram o seu apoio.


Morreu no dia 18 de Maio de 1931. “A doença que o assaltara há quinze dias fora implacável, vencendo todos os recursos da ciência empregados para salvar o enfermo. Não nos surpreendeu a má nova, mas magoou-nos profundamente. Era natural de Coimbra, contava 71 anos de idade, e viera para a Figueira como tipógrafo, aqui trabalhando em todos os jornais que ao tempo faziam a política progressista e regeneradora. Aí por 1886 foi tomado, para seu empregado particular, pelo sr. João José da Costa, dos Condados, por ali ficando e assistindo à morte deste estimado cidadão, como assistiu, mais tarde, à morte da viúva daquele, a srª D. Emília Duarte Costa. Contemplado por esta senhora com a casa dos Condados e outras propriedades, fazia, todavia, a vida modesta que sempre tivera, não deixando, contudo, de praticar actos de generosidade a favor de instituições de beneficência”.

Caderno: Tavaredenses com História

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