sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Belarmino Pedro

Nasceu em Almalaguês a 5 de Março de 1909, filho de Jacinto Pedro e de Maria de Jesus Filena. Casou com Maria Ascensão Coelho, não tendo descendência.

Veio, com sua família, para a nossa terra, ainda muito novo, residindo na Vila Robim.

Dedicou-se ao associativismo local e deu a sua colaboração ao Grupo Musical e, quando este vendeu o edifício da sua sede e mudou as suas instalações, aderiu ao Grémio Educativo, fazendo parte do seu grupo cénico e corpo directivo. Escreveu, para os amadores desta colectividade, o drama “O Vicentino”, que “pelo seu profundo carácter vicentino e pela óptima representação que teve, agradou plenamente e valeu ao seu autor uma chamada e uma calorosa salva de palmas”.

Em 1938 tentou fundar em Tavarede uma Casa do Povo, procurando comprar à Diocese de Coimbra a casa onde estivera instalado o Grémio Educativo que, depois da sua extinção em 1935, se encontrava abandonada e em adiantado estado de degradação. Não o conseguiu, mas do caso ficou registada uma violenta polémica que travou com o padre Abrantes do Couto, responsável, naquela ocasião, pela paróquia de Tavarede.

Aliás, Belarmino Pedro terá sido o tavaredense, natural ou residente, mais polemista de sempre. Além desta, travou duros combates na imprensa local, especialmente com “A Voz da Justiça”, ou, melhor dizendo, com José Ribeiro, em defesa do padre Cruz Dinis e, anos mais tarde, com António Jerónimo, igualmente por questões religiosas, mas, também, políticas. Outras ficaram registadas, mas de menor impacto local.

Foi funcionário na secretaria da Câmara Municipal da Figueira da Foz e dedicou-se ao jornalismo, dando a sua colaboração não só a jornais locais, mas a muitos outros de âmbito regional e nacional e diversas revistas.

Escreveu diversas obras, de que destacamos o opúsculo “5 Momentos em 14 Anos” , que publicou em honra de António Lopes, de quem foi grande amigo e admirador da sua obra à frente da Junta de Freguesia.
Com José Maria de Carvalho colaborou na fundação do jornal “A Voz da Figueira”, de que foi chefe da redacção, passando, em Julho de 1969 e até ao seu falecimento, no dia 17 de Setembro de 1980, a exercer o lugar de director.

“… o nosso director, o amigo, o jornalista de garra, o polémico sem tréguas, o homem íntegro e vertical, o esposo amantíssimo, o católico de uma só fé, o guerreiro que teceu armas toda uma vida em defesa da sua dama e da sua divisa – Por Portugal e pela Figueira.

A nossa emoção não nos deixa transmitir ao papel tudo o que se podia dizer de Belarmino Pedro, tal o gigantismo da sua inconfundível personalidade de intelecto, sobejamente admirado e até criticado (porque não confessá-lo?), que fez estremecer muita gente pela sua determinação, pela sua coragem, pela sua coerência, pela sua imparcialidade e lealdade e de sentimentos patrióticos. O seu ideal de servir e não se servir, apontam-no como homem com H grande, de verdadeiro exemplo de cidadão das mais nobres virtudes, hoje pouco comuns nos dias conturbados e bem confusos em que vivemos. O seu exemplo de jornalista impoluto e sem nunca ter sido capaz de virar a cara ao medo, por se sentir intransigente na defesa da verdade e da justiça, deixa-nos um raio de luz que jamais de apagará do caminho bem difícil, e por vezes incompreendido, que temos de percorrer”.

Caderno: Tavaredenses com História

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