quinta-feira, 9 de setembro de 2010

José Medina


Natural de Verride, Montemor-o-Velho, onde nasceu no ano de 1870. Contava 57 anos de idade quando morreu, no dia 26 de Novembro de 1927. Era filho de Joaquim Medina e de Maria da Cruz.

Serralheiro na Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, veio, com sua mãe e seus irmãos, António e Tobias, morar para o antigo Casal do Rato, quando seu pai faleceu.

Amador teatral e musical na Filarmónica Verridente, logo se integrou no meio associativo figueirense. Casando com a tavaredense Maria Lopes Raposeiro, veio residir para a nossa terra. Era uma família numerosa, pois tiveram cinco filhos: Jorge, João, Gracinda, Joaquim e Manuel. Este último, aliás, um pouco tardiamente, pois já então contava 54 anos. Como nota curiosa, o correspondente em Tavarede de um periódico figueirense noticiou o facto assim: “ O nosso querido sr. José Medina, - o espirituoso Zé Medina – depois de enveredar na idade em que lhe parecia melhor passar à categoria de avô, teve o prazer de encomendar mais um né-né, que lhe chegou a casa há poucos dias. Como não houve, felizmente, qualquer desastre na encomenda, pois mãe e filho se encontram bem, queremos abraçar cordialmente o nosso bom e velho amigo, dando-lhe por conselho – se o permitir – que suspenda tais transacções, visto que elas acarretam muitas despesas e cuidados”.

Entretanto, e para fazer face às despesas familiares, abrira uma barbearia em Tavarede, onde, depois do emprego, atendia a sua clientela.

E continuou entusiasticamente no teatro e na música. Como amador teatral, colaborou representando na Estudantina Tavaredense, na Sociedade Recreio Operário e no Teatro Boa União, estes dois na Figueira, na Casa do Terreiro, com João dos Santos a ensaiar, e na Filarmónica Figueirense. “… humilde rapaz que, no teatro, tem sempre sido alvo das mais entusiásticas e sinceras manifestações de aplauso, das quais é bem digno, pela extrema graça e naturalidade que sabe imprimir a todos os papéis que lhe são confiados”.

Nunca rivalizava os grupos onde representava. Sempre que o convidavam, e desde que estivesse disponível, aceitava o convite. Representou, também, no Grupo de Instrução e, depois, na Sociedade de Instrução até ao ano de 1911, saindo para, juntamente com seu irmão António, fundarem o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, em Agosto daquele ano.

“Um amador dotado de excepcionais faculdades histriónicas, cómico de grande naturalidade e fantasia e que no drama se impunha pelo vigor e verdade da sua representação”, escreveu, a seu respeito, Mestre José Ribeiro.

No Grupo Musical fez parte da secção dramática até à sua morte, desempenhando variadíssimos papéis, encontrando-se diversas referências elogiosas nas críticas da época. Igualmente fazia parte da Tuna, onde tocava violão.

“Após alguns dias de doença, faleceu no pretérito sábado, nesta localidade, o sr. José Medina, ferreiro nas oficinas da Beira Alta. O funeral, realizado no mesmo dia à tarde, foi muito concorrido, seguindo o féretro coberto com a bandeira do Grupo Musical, de que o extinto fora fundador e era, entre os seus amadores dramáticos, um dos mais valiosos elementos…”. O Grupo Musical havia-o homenageado em 1925, descerrando o seu retrato, que está exposto no seu salão.

Caderno: Tavaredenses com História

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