quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tavarede - história

Tavarede é terra de larga senhoria. Seu nome é possível que descenda de Tavared - muito remota povoação da Arábia.

O senhor Rei D. Sancho e sua espôsa D. Dulce, em sua carta de doação do Couto de Tavarede à Igreja de Santa Maria de Coimbra, faz rezar: - povoação situada na borda do mar...

É velha a freguesia de S. Martinho, com 2.115 habitantes, sendo 1,039 varões e 1.76 fêmeas.

D. Manuel I deu-lhe foral em 1517.

Tavarede teve alfândega privativa.

Era por um vasto esteiro que passava ao lado do matadouro velho que se fazia a navegação.
A Casa de Tavarede usufruia privilégios vexatórios e violentos. Por exemplo: Nenhum morador dos coutos de Tavarede ou Figueira podia cozer pão ou assar carnes senão nos fornos da poia da mesma Casa, mediante retribuição respectiva.

Recebia tenças, galinhas, certas doses de colheitas e outros impostos.

E êste tributo da “colheita ou jantar” ao Deão da Sé de Coimbra!

Quando o presidente do Cabido adregava a visitar Tavarede, um dia por ano, “recebia dos moradores, para o seu jantar, 180 reais, de seis ceitis o real, e das heranças da Chã e de Cabanas, 2 carneiros, 2 cabritos, 6 almudes de vinho, 10 galinhas, um quarteiro (1/4 de moio) de cevada pela medida de Coimbra, cem pães, cinco soldos em dinheiro, meio alqueire de manteiga fresca, e lenha e vinagre que abonde para se poder cozinhar as dictas cousas na cozinha do Deão!”

O Dr. Santos Rocha, que com ser um grande homem de ciência e fôro, não deixava por vezes de comentar com um fio de cintilante espírito crítico as suas notas, termina assim:
“- Por onde poderia provar-se que o Deão nessas épocas também comia cevada!”.

Só para se descreverem as façanhas e crimes do famigerado 8º. Senhor do Morgadio de Tavarede - Fernando Gomes de Quadros - bisneto do instituidor do morgado - António Fernandes de Quadros, seria necessário largo espaço.

O brasão de armas dos Condes de Tavarede é: Escudo esquartelado: no primeiro quartel as armas dos Quadros: Escudo enxequetado de prata e azul, de quatro peças em faixa; no segundo as dos Barretos: Escudo em campo de prata semeado de arminhos negros, e assim os contrários. Timbre, meio leão azul tendo nas mãos um xadrez.

O solar dos Condes de Tavarede, que era um formoso palacete, reedificado em grande parte no século XIX, já pouco possue da primeira arquitectura, devido ao desinterêsse do actual proprietário.

Tavarede é das mais simpáticas e atraentes aldeias convizinhas da Figueira.

É a terra do limonete - como o vulgo chama à lúcia-lima.

Tôda ela é um mimo de hortejos frescos, de fôfas terras de fácil e airoso amanho.

Cada casa é uma roseira. Cada rapariga uma flor.

Da serra descem fios de água, que vêm sussurando pelo Saltadoiro, fazem mover azenhas cheias de idílicas frescuras - onde reverdecem avencas de esmeralda e alastram musgos doces em que apetece cair e rolar.

Não surgem no mercado da Figueira - nem haverá por essa bola do mundo - hortaliças e novidades mais apaladas e gostosas.

Que aquilo é campo bendito - que Deus fadou para regalo e gôzo de eleitos...

Tavarede é hoje um burgo esperto. É gentil. E marca, devido à Sociedade de Instrução Tavaredense, um acentuado destaque entre as suas congéneres do ramo cultural.

(Aspectos da Figueira da Foz - Turismo 1945)
Nota - 65 anos é muito para tamanha diferença?

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