sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mosteiro de Santo António


O guardião e frades do Mosteiro de Santo António da Figueira, situado junto da vila de Buarcos, fizeram petição a Vossa Majestade, nesta Mesa da Consciência e Ordens, dizendo que desembarcaram os ingleses, no mês de Maio passado, na barra desta vila, deram com o dito Mosteiro e roubaram e destruiram tudo o que nele havia, sem ficar coisa alguma, quebrando todas as imagens de Santos e levando os retábulos, sinos e ornamentos, com o que o dito Convento ficou de todo destruído e sem coisa alguma com que celebrasse os Ofícios Divinos e se remedeiem as necessidades da Casa, e desejando o Conselho da Universidade de Coimbra favorecer ao dito Mosteiro e frades dele, o que lhe impede os estatutos poder fazer sem licença de Vossa Majestade, pelo que pedem a Vossa Majestade seja servido dar licença à dita Universidade, para que lhes faça esmola do que Vossa Majestade for servido, e informou o Reitor e deputados da dita Universidade, que no tempo que ela acudiu em socorro da vila de Buarcos, quando os ingleses a saquearam, se viu o grande estrago que fizeram nela e juntamente no Mosteiro de Santo António da Figueira, e que logo então muitos dos estudantes que foram na jornada, lhe aplicaram de esmola o soldo que venceram os dias que lá gastaram e que, contudo, lhes parece que deve Vossa Majestade se sirva dar licença à Universidade, para que, das rendas dela, darmos aos frades do dito Mosteiro cinquenta cruzados para ajuda de se repararem da perda que tiveram.

Parece que visto o que os Suplicantes alegam e informação que houve da Universidade, que Vossa Majestade deve haver por bem de dar licença à dita Universidade, para que das rendas dela dêem aos Suplicantes os cinquenta cruzados de esmola, de que em sua carta fazem menção.

Lisboa, 3 de Janeiro de 1603.

(nos cadernos do Dr. Marcelino Mesquita, donde retirámos o texto acima, acrescenta-se, sobre a vinda de um porpo de estudantes em defesa de BuarcosJ

“… e que vindo os ingleses às vilas de Buarcos e Figueira, acompanhou o Reitor, com armas, cavalos e seus criados e outras pessoas à sua custa, oferecendo-se a todo o sucesso, como devia e fora em todas as ocasiões do serviço de Sua Majestade…”. O Reitor confirma esta informação do Dr. Baltazar de Azevedo, lente de Medicina, acrescentando: “… e que vindo os ingleses às vilas de Buarcos e Figueira, acompanhara, a ele Reitor, levando dois cavalos e armas e, além dos seus criados, outras pessoas à sua custa…”.

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