sexta-feira, 1 de junho de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 30

1960.01.20 - TEATRO EM TAVAREDE (REPÚBLICA)

Durante a já nossa longa vida temos visto muito teatro. Temos presenciado os mais variados géneros de espectáculo. Desde a alta comédia (género de que mais gostamos) à comédia burlesca, drama, revista, fantasias musicadas, etc., de tudo temos visto e pelos maiores artistas. Sabemos avaliar, pois, sem vaidade o dizemos, o bom e o mau teatro.

Sempre que vemos no palco um artista de valor a desempenhar com agrado o papel, sentimo-nos satisfeitos; mas quando acontece o contrário partilhamos da mágoa que inferioriza o actor.

Estas palavras servem como de explicação à notícia que vamos desenvolver pelo que vimos em Tavarede interpretado pelo extraordinário grupo de amadores dramáticos da prestimosa Sociedade de Instrução Tavaredense.

Com uma só palavra traduziremos a nossa admiração pelo que nos foi dado observar, “colossal”.

Nunca vimos amadores a produzirem teatro de tanta categoria! Diremos mais: companhias de profissionais temos visto fazer teatro muitas vezes inferior ao que nos foi dado presenciar agora em Tavarede.

Com a peça em 3 actos “As árvores morrem de pé” que havíamos já visto no Nacional, e em que a grande Palmira Bastos desempenhava o papel de avó, festejou o seu 56º aniversário esta Sociedade de tão alto valor educativo.

Para se fazer uma ideia de quanto vale numa pequena povoação rural esta incomparável colectividade basta dizer que logo à entrada do edifício onde tem a sede se encontra afixada uma lápida com a seguinte legenda: “Instruir é construir”.

Mas não é só ao teatro que esta prestimosa colectividade se dedica. Mantém de igual modo, um grupo musical de agrado certo e uma biblioteca assaz frequentada.

“As árvores morrem de pé” de Alexandre Casona, na tradução de Acúrcio Pereira, encontrou no grupo dramático que a representou agora, uma exibição de grande classe, ultrapassando todas as nossas previsões.

A srª D. Violinda Medina, na “Avó”, podemos afirmá-lo, se a própria Palmira Bastos a visse neste papel a felicitaria pela maneira como o encarnou e o soube desempenhar. Em que grande artista dramática esta simples amadora se transformaria se seguisse o teatro como profissão!

Com um à vontade inalterável, dicção perfeita, jogo fisionómico sempre adequado às frases, pisando e gesticulando como se uma avó velhinha propriamente já fosse, fez-nos pensar que estávamos à frente de uma avó que não era desempenhada por uma simples amadora mas sim por uma profissional categorizada.

Bravo srª D. Violinda Medina da Silva, os nossos parabéns.

D. Maria Isabel Reis, nos papéis de Marta-Isabel, é inconfundível. Disseram-nos que esta amadora tem apenas 15 anos de idade, o que mais nos surpreende, ainda, dada a forma como desempenhou este duplo papel de fases bem difíceis e que ela venceu perfeitamente.

Quem habituado a ver teatro não ficará surpreendido pela forma como Isabel Reis venceu os transes difíceis da “Isabel”? Teve intensidade dramática suficiente, sem exageros nem quebras naquelas cenas em que interpretava quer com a avó quer com o pseudo-marido.

Estamos convencidos de que se Maria Isabel Reis seguisse a vida de teatro, enfileiraria dentro em breve no número das ingénuas dramáticas de grande valor artístico.

O desempenho foi tão certo e tão harmónico que eleva o conjunto a um tal plano que muitas vezes se não verifica em muitos elencos profissionais.

Do elenco masculino os que mais nos impressionram, certamente porque a responsabilidade dos papéis a isso os forçou, foram Fernndo Reis, no “Maurício” e António Jorge da Silva no avô “Fernando Balboa”. Principalmente o primeiro em alguns transes difíceis em que o papel o obrigava, houve-se com o mérito de um verdadeiro profissional.

Maria Dias Pereira, na “Helena”, e Maria Teresa de Oliveira em “Genoveva”, foram perfeitas, absolutamente correctas na missão de que se incumbiram.

Os demais intérpretes desta peça ainda no número de sete, saíram-se todos admiravelmente.

Resta-nos fazer a nós próprios as seguintes perguntas: - Como é possível em Tavarede fazer-se teatro desta categoria? É isto devido à elevada instrução dos componentes do grupo? Será porque os seus componentes, não tendo outros afazeres, se dedicam exclusivamente ao teatro para entreter as horas de ócio? Não, não é nenhuma destas razões que transformam o grupo de amadores dramáticos de Tavarede no mais completo, no mais homogéneo, no mais artístico grupo de amadores que temos visto representar.

A razão máxima porque saímos daquela pequeníssima sala de espectáculos encantados, assombrados, consiste no facto do mestre deste excelente grupo de amadores dramáticos ser José Ribeiro.

Quem conhece o seu valor como nos foi descrito por pessoas que com ele desde há muito tratam; a sua paixão pelas lides do palco; o seu espírito de sacrifício e carolice, compreende então que o grupo dramático desta prestimosa, tão prestimosa como educadora colectividade, pode fazer o que faz e como faz, devido ao grande valor pedagógico do seu mestre que, além de tudo o mais, sabe muito de teatro.

Transformar camponeses, trabalhadores de oficinas, costureiras ou domésticas num grupo de tão grande valor cénico, só o pode conseguir um homem superior que, como este, vem desde há algumas dezenas de anos dando o melhor do seu esforço, com o maior sacrifício da sua vida e interesses em prol da educação popular, o que lhe deveria dar juz a ser compensado e recompensado pelo triunfo da causa a que se dedicou e pela qual vem desde há muito batalhando com extraordinário êxito.

1960.04.09 - A SIT EM TORRES NOVAS (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Constituíu um verdadeiro êxito artístico a representação do “Frei Luís de Sousa” naquela localidade.

O público, que seguiu com invulgar interesse todo o espectáculo, aplaudiu com muito entusiasmo nos finais dos actos, mas especialmente no fim da peça, que ovacionou demoradamente e de pé, pedindo a presença do ensaiador, sr. José da Silva Ribeiro.

Apesar de sermos tavaredenses, não temos relutância em afirmar, que “Frei Luís de Sousa” atingiu um nível de representação dificil de igualar.Os amadores sentem-se completamente à vontade e vão para o palco, nesta peça, sem qualquer nervosismo, razão porque todos parecem verdadeiros artistas, numa peça dificílima, que exige um elenco experimentado, muito igual, para que a representação não fraqueje nem caia no ridículo.

É uma peça que poucos grupos de amadores representam devido às grandes exigências da montagem, equilíbrio de valores de todos os figurantes, assim como um ensaiador fora de série.

Como tinhamos anunciado, o espectáculo reverteu a favor do Jardim-Escola que naquela vila foi inaugurado no passado dia 3, com a assistência de S. Exas. o sr. Ministro das Obras Públicas e do Subsecretário da Educação Nacional.

Antes de começar o espectáculo disse algumas palavras a propósito da visita do grupo cénico da SIT, o sr. Engenheiro João Pedro das Neves Clara, deputado da Nação.

E com aquela facilidade de palavra que lhe conhecemos e num improviso empolgante, falou a seguir sobre a vida e função dos Jardins-Escolas o sr. José da Silva Ribeiro. Obteve, como «é de prever”, uma ovação extraordinária, já pelos recursos invulgares da sua oratória como ainda pelo assunto versado em que ele está como peixe dentro de água.

No final do espectáculo foi dado a todo o grupo e acompanhantes um delicioso e abundante “copo de água”, agradecendo em nome da Comissão Pró-Torres Novas o sr. Luís Marques Galamba, retribuindo em nome da SIT o director do grupo cénico.

Que a Sociedade de Instrução Tavaredense continue na sua cruzada de Bem-Fazer, são os nossos votos.

1960.04.09 - A SIT EM TOMAR (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Estamos convencidos de que a Figueira da Foz e as suas entidades oficiais não se apercebem da actividade quase permanente, do grupo cénico da SIT, e da propaganda que resulta da sua actividade artística nas diversas cidades e vilas por onde actua, com uma regularidade talvez única no país.

Por toda a parte se fala no grupo dramático de Tavarede, e, logicamente, da Figueira da Foz. É um verdadeiro cartaz de propaganda – da nossa terra o maior de todos e em todos os tempos – que há 50 anos canta o nome de Tavarede e da Figueira, e que nós, os tavaredenses, mais do que ninguém sentimos quando o grupo se desloca a qualquer parte.

Nas recepções -, algumas extraordinárias, em que quase uma cidade inteira (o caso de Tomar, já por duas vezes), se manifesta em peso com a sua população, filarmónicas, entidades oficiais, formando formidável cortejo pelas ruas principais, ornamentadas com lindíssimas colgaduras, - é que nós avaliamos a consideração que dispensam ao nosso grupo cénico e a propaganda que isso representa para a Figueira e para Tavarede.

Foi uma vez mais a Tomar o grupo cénico da SIT, e uma vez mais foi recebido duma forma que prendeu e cativou todas as pessoas que fazem parte da secção dramática, assim como dos seus acompanhantes.

Numa camioneta de 42 lugares, o grupo cénico, acompanhado de alguns sócios e famílias, saíu pelas 9 horas da manhã de domingo, 24, num magnífico autocarro. Parou-se em Leiria, Batalha e em Fátima, onde se almoçou num lugar aprazível, seguindo-se depois para Tomar com chegada às 13,30 horas. Na sede da Comissão de Turismo foi o grupo recebido com todas as honras, proferindo um breve mas sentido discurso o Exmo. Sr. Tenente Alves de Sousa, vice-presidente da Câmara Municipal de Tomar, que naquele lugar se encontrava a representar o respectivo presidente, conforme o mesmo senhor afirmou.

Agradeceu o director do grupo cénico, sr. José da Silva Ribeiro, a quem Tomar já conhece há muitos anos e por quem tem grande admiração. Os seus discursos são sempre ouvidos e aplaudidos com vibrantes aplausos, devido à sua fluente e empolgante oratória. A todas as pessoas foram distribuidas plaquetes de propaganda da bela e histórica cidade.

À noite realizou-se o anunciado espectáculo com As Árvores Morrem de Pé, que, como já aqui dissemos, reverteu a favor do Jardim-Escola João de Deus. A representação decorreu por forma a justificar os calorosos aplausos do público que enchia totalmente o belo teatro, interrompendo a representação no terceiro acto com uma calorosa salva de palmas.

No intervalo do segundo acto, o sr. dr. Ângelo Tamagnini, da Comissão de Assistência do J. E. de Tomar, agradeceu a presença do grupo da SIT, - mais uma vez naquela cidade, - e a todas as pessoas que organizaram aquele espectáculo.

Seguiu-se-lhe o sr. dr. Jaime Lopes Dias, Presidente da Assembleia Geral da Associação de Jardins-Escolas João de Deus, de Lisboa, que propositadamente veio da capital. Depois de várias considerações acerca da função dos Jardins-Escolas, e do seu fundador, e ainda de seu filho, dr. João de Deus Ramos, a quem teceu rasgados elogios, fez um apelo a todos os tomarenses no sentido de apoiarem e facilitarem a vida do seu Jardim-Escola.

Mais uma vez José Ribeiro teve de agradecer as amáveis palavras que os dois oradores tiveram para com o grupo dramático e para com ele próprio, e fê-lo num dos seus mais poéticos e vibrantes improvisos que tem feito naquela terra. Duas criancinhas do Jardim-Escola entregaram a José Ribeiro e dr. Jaime Lopes Dias, lindíssimos ramos de flores.

No final foi servido um magnífico copo de água a todo o grupo e acompanhantes.

Depois de uma esplêndida viagem, a camioneta chegou a Tavarede às 4,30 horas da madrugada.

E não param as jornadas de Bem-Fazer – da Sociedade de Instrução Tavaredense...

1960.06.04 - SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Conforme aqui anunciámos, realizou-se no passado sábado, 28, um espectáculo com as peças O Beijo do Infante e O Dia Seguinte.

Talvez porque se tratava de duas estreias, o público acorreu por forma a justificar uma casa completamente à cunha. As representações foram esplêndidas, agradando, sobremaneira, O Dia Seguinte, principalmente pela magnífica actuação de Maria Isabel Reis, que tem nesta peça a melhor interpretação da sua carreira de amadora. O público fez-lhe justiça interrompendo a representação numa cena em que ela brilhou a grande altura.

A peça é maravilhosa. Trata-se de uma peça moderna que Luís Francisco Rebelo urdiu duma forma invulgar e que o público aceitou sem reservas. O tema é inteligentemente tratado, com diálogos primorosos, parecendo real o que nos é apresentado como irreal, pois o assunto versado é um caso de todos os dias: a luta pela vida, com os seus horríveis quadros de miséria e de desemprego. Termina com uma violenta condenação ao suicídio, que é, afinal, o conceito da peça.

José Ribeiro fez previamente uma dissertação àcerca da representação preparando o público menos culto para a transcendência da peça. Cenário de belo efeito.

No final do espectáculo foram convidados a pisar pela última vez as tábuas do velho palco os amadores antigos e actuais, procedendo ao arranque da primeira tábua a amadora Violinda Medina e Silva, a quem foi entregue um lindíssimo ramo de flores, assim como a José Ribeiro. Durante esta cerimónia caíam sobre os amadores milhares de pétalas de rosas.

No dia imediato teve lugar o anunciado baile que decorreu animadíssimo até tarde, procedendo-se também às primeiras camarteladas nas velhas paredes.

O camartelo foi leiloado, cabendo a honra de iniciar a demolição à gentil filha da srª. D. Conceição Ferreira Sotto-Maior, pois foi esta senhora que ganhou o primeiro leilão.

1960.06.04 - FESTA DA DESPEDIDA (O FIGUEIRENSE)

José da Silva Ribeiro, o homem que pelas suas invulgares qualidades de carácter, superior inteligência e profundos conhecimentos da arte de Talma, em nosso entender, e sem a menor quebra de admiração pelos seus dedicados colaboradores, a Sociedade de Instrução Tavaredense, ou, por outra, Tavarede fica devendo a arrojada obra de transformação do seu teatro, antes de subir o pano disse da saudade da velha sala de espectáculos, recordando enternecidamente todos aqueles que há mais de 50 anos têm trabalhado para o prestígio da nossa colectividade, afirmando, em certa altura, que Tavarede devia aquele teatro ao benemérito João Costa e a sua ampliação à filantrópica Fundação Calouste Gulbenkian.

As peças escolhidas “O Beijo do Infante” e “O Dia Seguinte”, encerraram com chave de ouro o ciclo de representações ali efectuadas, por isso que a assistência, que enchia totalmente o velho teatro, se manifestou de maneira apoteótica.

Contudo, os louros da inesquecível noite foram, sem desprimor para os restantes amadores, para a simpática e talentosa amadora, Maria Isabel de Oliveira Reis, pelo magnífico desempenho no papel de Matilde, em “O Dia Seguinte”.

No final do espectáculo, o incansável Presidente da Direcção, sr. Marino de Freitas Ferraz, convidou todos os amadores da SIT, velhos e novos, a subir ao palco para, sobre as suas tábuas carunchosas, onde tantas e tantas horas de alegria e aborrecimentos imperecíveis passaram, assistir ao arranque da primeira tábua, operação esta que foi executada pela categorizada e premiada amadora, srª D. Violinda Medina e Silva e receber as entusiásticas saudações da numerosa assistência, que bem traduziam o seu reconhecimento pelos momentos de prazer que lhe haviam proporcionado.

No domingo, houve um encontro de futebol entre as equipas da secção dramática e secção desportiva da SIT, cujo resultado foi um empate a 1 bola, após o que os jogadores e outros sócios se reuniram em lauta bacalhoada, que decorreu animadíssima.

À noite efectuou-se o baile, que teve a dar-lhe entusiasmo, o excelente conjunto “Satélites do Ritmo”, dessa cidade.

Foi um grande e inesquecível baile, que, estamos certos, há-de perdurar por largo tempo nos corações da mocidade radiosa.

1960.06.19 - O GRUPO CÉNICO EM VILA REAL (A VOZ DE TRÁS-OS-MONTES)

Conforme já havíamos anunciado, esteve entre nós, no passado dia 11, o Grupo Cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, que levou à cena, no nosso Teatro Avenida, a peça do consagrado dramaturgo, D. João da Câmara, - “Os Velhos”.

Como o produto desta récita se destinava à Cantina da Sé, quiseram as humildes criancinhas, que ali recebem os seus benefícios, serem as primeiras a prestar as honras da Casa, a quem de tão longe aqui veio, apenas com o desejo de auxiliar esta cruzada de beneficência.

Satisfeito o pedido feito ao seu director, logo largaram em alegre debandada por esses campos ainda floridos, colhendo flores campesinas, humildes e pequeninas como as suas próprias pessoas, que depois lançaram, por entre vivas e palmas, sobre os componentes da Caravana de Tavarede, como preito da sua gratidão.

Mas, foi ainda mais longe o desejo de manifestarem o seu reconhecimento!

Cotizaram-se por entre todas: deixaram neste para elas tão grande dia, de saborear as guloseimas tão apetecidas nestas idades, para adquirirem uma série de minúsculos pucarinhos de barro que, depois de presos a um laçarote, colocaram na lapela dos visitantes seus amiguinhos. E isto para que levassem todos os tavaredenses a certeza de que, neste rincão serrano, ainda desabrocham as flores perfumadas da gratidão.

Foram-lhes seguidamente apresentados cumprimentos por alguns dos principais Amigos da Cantina da Sé, tendo em nome dos contemplados dito algumas palavras de agradecimento, na qualidade de seu director, o Padre Henrique Maria dos Santos, que na mesa de honra se encontrava ladeado pelos senhores Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Engº Humberto Cardoso de Carvalho; Director artístico do Grupo Cénico de Tavarede, jornalista José da Silva Ribeiro; e Marino Ferraz, Presidente da Direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense.

Em nome dos visitantes, usou da palavra o jornalista José da Silva Ribeiro.

Finalmente, a récita, que tantos já ansiavam.

Antes de abrir o pano, no proscénio, o Dr. Otílio de Carvalho Figueiredo, falou-nos da obra da Cantina da Sé, produzindo uma boa lição sobre sociologia. A seguir, José da Silva Ribeiro, a quem um gaiato da Cantina, ofereceu um ramo de flores e uma lembrança, disse, e muito bem, algumas palavras acerca do seu agrupamento artístico e transmitiu-nos notas explicativas sobre a obra dramática de D. João da Câmara, e muito principalmente sobre a peça que ia representar-se.

Apoiado! O público necessita ser suficientemente elucidado sobre o trabalho que vai ver e muito mais, se o for, por informador daquela classe.

Apoiado José Ribeiro, e muito obrigado pelos conhecimentos que nos divulgou, quanto à obra de D. João da Câmara e sua interpretação.

A encenação a cargo do mesmo senhor José da Silva Ribeiro, verdadeira magia, traduziu com exactidão e realismo os sentimentos, expressão, identificação e temperamento do autor.

O público assim o compreendeu e aplaudiu com entusiasmo, o que raramente se verifica nas nossas plateias!

A nossa atenção e a nossa curiosidade estavam prezas ao movimento e dicção e não sabemos que mais admirar, se a competência do mise-en-cene, se a habilidade e o à-vontade dos intérpretes que souberam extraír e transmitir-nos tudo quanto de belo e profundo existe na obra de D. João da Câmara.

Sem exageros, podemos afirmar que uns conjuntos destes raramente se têm visto nesta cidade – e o de Tavarede conseguiu vencer e convencer todos os espectadores!

Todos os intérpretes estiveram à altura dos seus papéis, mas teremos no entanto de destacar Maria Isabel de Oliveira Reis, no papel da encantadora Emilinha; Violinda Medina e Silva, que foi magistral no papel de Avó; João da Silva Cascão, no Patacas, ultrapassou alguns profissionais; o Barbeiro da aldeia, sobretudo no 3º acto, e no decorrer da ceia, foi empolgante e fantástico.

Uma noite admirável, que muito gostaríamos se voltasse a repetir, porque há bastantes anos que não tinhamos ocasião de nos deliciarmos com umas tão boas horas de tão pura arte!

No dia seguinte, foi servido um almoço íntimo na sala do Refeitório Económico ao Grupo de Tavarede, a que assistiram, além dos colaboradores da Cantina, o Director do Semanário local “O Vilarealense” – senhor Heitor de Matos, que, aos brindes, saudou os visitantes e fez votos para que em breve os voltasse a ver por estas paragens.

O Revdº Padre Henrique secundando os votos do orador anterior, mais uma vez agradeceu aos visitantes o auxílio prestado à sua obra.

Em nome dos visitantes, José Ribeiro, orador fulgurante, produziu um brilhante discurso.

A caravana seguiu depois para Tavarede, tomando a estrada da Régua, para admirar, agora, o belo horrível das escarpas da região duriense, tendo sido até ali acompanhada pelos organizadores desta festa.

1960.06.23 - O GRUPO CÉNICO DA SIT EM TRAZ-OS-MONTES (A VOZ DA FIGUEIRA)

Constituíu mais um assinalável êxito, como era de prever, a deslocação do grupo cénico da benemérita Sociedade de Instrução Tavaredense, a Amarante e a Vila Real de Traz-os-Montes, onde satisfazendo convites que lhe foram dirigidos, a sua arte foi, mais uma vez, posta ao serviço da beneficência.

Em breves linhas, vamos registar nas nossas colunas o honroso acolhimento que nas duas cidades aos nossos patrícios foi dispensado:

Em Amarante – À entrada da vila esperavam os visitantes a corporação dos Bombeiros, Filarmónica local, representantes das colectividades com os seus estandartes, a Comissão promotora do espectáculo, que era a favor do Hospital da Misericórdia, e muito povo. Formou-se um cortejo que percorreu várias ruas, e das janelas, donde pendiam colgaduras, foram lançadas flores.

No edifício da Câmara Municipal deu as boas-vindas o Vereador do pelouro da Cultura e Presidente da Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão.

À noite, no teatro, com a grande sala repleta de um público ordeiro e correcto, que aplaudiu calorosamente, fez a apresentação do grupo de Tavarede, num brilhantíssimo discurso, o ilustre advogado sr. Dr. Balbino de Carvalho, que é um grande amigo e admirador da Figueira.

A impressão deixada com a representação de “Os Velhos”, foi excelente.

No dia seguinte, os distintos figueirenses srs. Eng. António Gravato e sua Ex.ma Esposa, ofereceram aos visitantes, no belo parque florestal onde tem a sua residência, um almoço que foi motivo para que todos trouxessem de Amarante recordações inesquecíveis.

Em Vila Real – O espectáculo foi também com “Os Velhos”, a favor da instituição local “A Nossa Casa”, obra benemerente do Padre Henrique Maria dos Santos, que protege da fome para cima de 3 centenas de crianças.

À chegada houve na sede de “A Nossa Casa” uma breve sessão de boas-vindas. Ali se encontravam o sr. Presidente da Câmara de Vila Real, dr. Aristides de Figueiredo; o sr. Heitor Correia de Matos, director do jornal “O Vilarealense”; Aquiles de Almeida, entusiasta promotor desta visita dos tavaredenses a Vila Real; as senhoras da Conferência de S. Vicente de Paulo; muitas crianças que cobriram de flores os visitantes, à sua entrada; e outras pessoas de representação.

O discurso de boas-vindas foi proferido pelo sr. Padre Henrique, cujas palavras, cheias de beleza e bondade, deixaram em todos funda impressão.

No teatro, a apresentação do grupo foi feita pelo sr. Dr. Otílio de Carvalho Figueiredo. Nessa ocasião, uma das crianças da obra do Padre Henrique Maria dos Santos ofereceu à SIT, um jarrão – artística obra de faiança. Como em Amarante, o público de Vila Real, que enchia a enorme plateia do teatro, aplaudiu com extraordinário entusiasmo a representação de “Os Velhos”.

No dia seguinte, realizou-se um almoço de despedida, no qual falaram o sr. Padre Henrique, director do semanário católico “A Voz de Traz-os-Montes” e o director do “Vilarealense”, sr. Heitor de Matos, tendo agradecido o director do grupo cénico.

1960.06.25 - A SIT EM AMARANTE (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Já aqui temos dito que o grupo cénico da SIT é um autêntico cartaz de propaganda, não só de Tavarede como da Figueira, e mais uma vez se verificou isso mesmo nesta jornada de bem-fazer

Depois duma esplêndida viagem, com paragem em Aveiro e Porto, o grupo dramático foi recebido em Amarante estrondosamente. Aguardavam-no a filarmónica local, corpo de bombeiros, representações das colectividades locais com os seus estandartes, entidades oficiais, a comissão organizadora e muito povo.

Das janelas, onde se viam bonitas colgaduras, caíam flores sobre o enorme cortejo que seguiu pela rua principal até à Câmara, onde foram dadas as boas-vindas pelo Vereador do Pelouro da Cultura, sr. Engenheiro Alvelloz. Agradeceu o director do grupo sr. José da Silva Ribeiro.

Ao sr. Engenheiro António Gravato e sua Exma. Esposa, se deve a deslocação do grupo cénico. A este senhor se deve também o êxito do espectáculo, não só na parte material (a lotação foi excedida em mais de 200 pessoas), como na artística, pois tinham sido tomadas providências para que nada faltasse no arranjo de cena. A receita reverteu a favor do Hospital de Amarante.

Ainda a propósito de propaganda, diremos que no discurso de apresentação do nosso grupo aos espectadores feito pelo sr. Dr. Balbino de Carvalho, o nome da Figueira foi cantado bem alto, assim como alguns dos seus mais ilustres filhos, tais como Pedro Fernandes Tomás, Santos Rocha, Prof. Joaquim de Carvalho, João Gaspar Simões, etc., além das referências às belezas dessa cidade e da sua encantadora praia. Sabe bem ouvir estas coisas fora de casa...

Agradeceu e falou acerca da peça e do seu autor, o director do grupo.

O senhor Engenheiro Gravato, que foi duma gentileza sem igual, assim como sua esposa, ofereceu a todos os amadores e acompanhantes um lauto almoço no magnífico Parque Florestal. Servido à sombra de árvores frondosas e num ambiente verdadeiramente familiar – lá estavam seu sogro sr. Eduardo Ferreira e sua esposa – o almoço, com pratos escolhidos ao paladar figueirense, não podia ser melhor.

Foi depois desta magnífica refeição que o grupo seguiu para Vila Real com bastantes saudades.

O sr. Aquiles de Almeida, que foi o grande animador e principal obreiro da ida a esta cidade, apareceu no caminho ao encontro da camioneta. Orientou depois a marcha até Vila Real onde estava preparada uma curiosa recepção, formada, na maioria, pelos meninos e meninas de A Nossa Casa, para a qual se destinou a receita do espectáculo. Trata-se duma instituição presidida pelo sr Padre Henrique Maria dos Santos, que mantém uma cantina que mitiga a fome a mais de 300 crianças.

Foi na sede daquela benemérita casa que os amadores entraram debaixo duma verdadeira chuva de flores, atiradas por essas criancinhas, que foram dadas as boas-vindas pelo sr. Padre Henrique, o que lhe proporcionou um sentido e fluente improviso a que respondeu, agradecendo, o director do grupo cénico da SIT.

O espectáculo, à noite, com Os Velhos, foi das melhores representações obtidas com esta peça. O público aplaudiu delirantemente, pelo que se pode afirmar que a sua rebelde e exigente plateia ficou conquistada.

Antes de começar o espectáculo falaram os srs. Dr. Otílio Carvalho de Figueiredo e José da Silva Ribeiro, a quem foi entregue, - por uma criança da benemérita obra do sr. Padre Henrique – um artístico jarrão em faiança.

E no dia seguinte, depois do almoço, onde se trocaram brindes, a camioneta partiu a caminho de Tavarede tendo deixado e trazido as melhores impressões dessas duas terras encantadoras.

1960.07.02 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)

Mais do que a falta de tempo de que actualmente podemos dispor, o nosso estado de saúde, como de costume, sobrepondo-se aos nossos desejos, não nos permitiu acompanhar o grupo dramático da Sociedade de Instrução Tavaredense, nos dias 10, 11 e 12 do corrente, nas suas jornadas de bem-fazer, desta vez a Amarante e Vila Real, facto que nos penalizou sobremaneira por não podermos viver, pessoalmente, as carinhosas e entusiásticas manifestações de simpatia e apreço de que foram alvo os nossos conterrâneos, naquelas importantes localidades nortenhas.

Mas nem por isso deixámos de acompanhar em espírito os briosos rapazes e simpáticas senhoras, que tão longe levaram o nome da nossa aldeia em missão cultural e beneficente, de sentir em nosso coração de tavaredenses o festivo ambiente que a todos rodeou.

E, assim, para que pudessemos registar em nossos “apontamentos”, informando os estimados leitores, da triunfal excursão tavaredense, pedimos a um nosso amigo, que a acompanhou, nos dissesse algo das suas impressões, pondo-se inteiramente à nossa disposição, gentileza que, além de nos cativar, reconhecidamente agradecemos.

Chegados a Amarante, à entrada da vila esperavam os visitantes a corporação dos Bombeiros, Filarmónica local, representantes das colectividades com seus estandartes, a Comissão promotora do espectáculo, que era a favor do Hospital da Misericórdia e muito povo. Formou-se um cortejo que percorreu várias ruas, e das janelas, donde pendiam colgaduras, foram lançadas flores.

No edifício da Câmara Municipal deu as boas vindas o Vereador do pelouro da Cultura e Presidente da Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão, tendo agradecido a carinhosa recepção dispensada o director do grupo cénico.

À noite, com a grande sala repleta dum público que aplaudiu calorosamente, fez a apresentação do grupo de Tavarede, num brilhantíssimo discurso, o ilustre advogado sr. dr. Balbino de Carvalho, que é um grande amigo e admirador da Figueira.

A impressão deixada com a representação de “Os Velhos” foi excelente.

Num dos intervalos foram oferecidos por simpáticas crianças, a José da Silva Ribeiro e às distintas amadoras D. Violinda Medina e Silva, menina Maria Isabel de Oliveira Reis, lindos ramos de flores, gentileza que muito os sensibilizou.

No dia seguinte, os tistintos figueirenses sr. Engenheiro António Gravato e sua esposa ofereceram aos visitantes, no belo parque florestal onde têm a sua residência, um almoço que foi motivo para que todos trouxessem de Amarante lembrança inesquecível.

Findo o almoço seguiram os nossos conterrâneos para Vila Real.

Nesta cidade o espectáculo realizado foi também com “Os Velhos”, a favor da instituição local “A Nossa Casa”, obra benemerente do Padre Henrique Maria dos Santos, que protege da fome para cima de 3 centenas de crianças.

À chegada houve na sede de “A Nossa Casa” uma breve sessão de boas vindas. Ali se encontravam o sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, o sr. Heitor Correia de Matos, director do jornal “O Vilarealense”; Aquiles de Almeida, entusiasta promotor desta visita dos tavaredenses a Vila Real; as senhoras da Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas crianças, que cobriram de flores os visitantes à sua entrada; e outras pessoas de representação. O discurso de boas-vindas foi proferido pelo sr. Padre Henrique, cujas palavras, cheias de beleza e bondade, deixaram em todos funda impressão, tendo José Ribeiro, num vibrante discurso, agradecido as amáveis referências que o bondoso sacerdote acabara de dirigir ao grupo dramático que superiormente orienta.

No teatro, a apresentação do grupo foi feita pelo sr. dr. Otílio de Carvalho Figueiredo. Nessa ocasião, uma das crianças da obra do Padre Henrique Maria dos Santos ofereceu à SIT um jarrão que é uma artística obra de faiança. Como em Amarante, o público de Vila Real que enchia a enorme plateia do teatro aplaudiu com extraordinário entusiasmo a representação de “Os Velhos”.

As já numerosas crianças protegidas pelo Revdº Padre Henrique obsequiaram os visitantes, como lembrança da sua inesquecível digressão artística e beneficente, com miniaturas de louça regional.

No dia seguinte realizou-se um almoço de despedida, no qual falaram o sr. Padre Henrique Maria dos Santos e o Duirector do “Vilarealense”, sr. Heitor de Matos.

Ao agradecer, José Ribeiro, proferiu um brilhante improviso, cheio de ternura, em que a sua alma de eleição, dedicada aos pobres, deu largas aos seus sentimentos filantrópicos.

Comentava-se: nós, aqui na Serra, orgulhamo-nos de possuir águias, mas lá para as bandas da Figueira da Foz, nos choupos e salgueiros do ribeiro da pitoresca aldeia de Tavarede, também se criam extraordinários rouxinóis, que, pelas suas melodias e cantares, nos transportam, por momentos, às regiões do sonho.

À saída de Vila Real foram os nossos conterrâneos acompanhados até ao limite do concelho pelo Revdº Padre Henrique Maria dos Santos e outras distintas pessoas, que lhes prodigalizaram as maiores gentilezas.

As nossas felicitações ao grupo dramático da SIT por mais esta sua excursão que, sendo de arte e caridade, serviu, também, de pretexto para a melhor propaganda da sua e nossa ridente aldeia.

Bem hajam, pois.

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