sábado, 11 de agosto de 2012

Quadros - Os Senhores de Tavarede - 16



PEDRO LOPES DE QUADROS E SOUSA

6º. Senhor de Tavarede - Morgado

            Pedro Lopes de Quadros e Sousa nasceu em Tavarede, no ano de 1672, tendo sido baptizado na capela do Paço, no dia 16 de Agosto daquele ano. Era conhecido pela alcunha de ‘O Manco’, pois manquejava de ambos os pés. Casou por duas vezes. A primeira vez, no dia 21 de Outubro de 1699, contraíu casamento com D. Josefa Isabel Zambado de Vasconcelos, natural de Ançã, filha do Dr. Bento Dias Zambado e de D. Ana Maria Clara de Vasconcelos. Nesse mesmo ano foi provido na Comenda de S. Pedro das Alhadas.

            Neste casamento a noiva foi representada por seu pai, só mais tarde se juntando a seu marido. Consta que terão tido uma relação muito pouco bem sucedida. Esta senhora faleceu, em 17 de Fevereiro de 1703, em casa de seus pais, tendo sido sepultada na sua terra natal. Deste casamento não houve filhos.

            Em 1705, casou, pela segunda vez, com D. Madalena Maria Henriques de Meneses, nascida na Quinta do Alvito, em Alenquer, filha de Garcia Lobo Brandão de Almeida, familiar do Santo Ofício, senhor do Couto de Castelo Viegas e do morgadio de Alvito, em Alenquer, e de D. Lourença Ferrão de Castelo Branco.

            Deste segundo casamento, houve a seguinte descendência:
- Fernão Gomes de Quadros e Sousa, herdeiro do morgado;
- D. Maria Teles de Meneses, baptizada em Tavarede no dia 9 de Outubro de 1707, que casou, em 26 de Julho de 1722, com Gaspar Malheiro Reymão Marinho, fidaldo da Casa Real, mestre de Campo de Auxiliares de Viana, senhor da casa do Pomacharão, em Viana do Castelo;
- D. Isabel Inácia, também baptizada em Tavarede a 14 de Maio de 1710, que foi freira no convento do Lorvão;
- Caetano de Quadros, nascido em Tavarede a 23 de Agosto de 1716 que, segundo alguns autores, terá morrido em criança. Todavia, outros levantam a hipótese de se tratar de José Caetano de Quadros, que teria sido frade Mariano, de cuja Ordem foi expulso, e que viveu uns anos em Roma;
- Aires de Quadros, nascido em 21 de Setembro de 1717, que foi frade franciscano sob o nome de Frei Aires de Santa Ana. Este frade entrará  na nossa história mais à frente, pois acabou por ter influência nos destinos da Casa de Tavarede ao ser assassinado por seu sobrinho;
- Frei Amaro de Santa Rita, que nasceu em Tavarede no dia 15 de Janeiro de 1720, religioso da Ordem de S. Francisco Extra-Muros, de Coimbra;
- Álvaro Teles de Meneses Pereira de Quadros, igualmente destinado a seguir a carreira religiosa, mas que abandonou. Havia nascido em 25 de Novembro de 1721:
- D. Beatriz (ou Brites) Madalena Henriques de Meneses e Quadros, que nasceu no dia 28 de Janeiro de 1724. Foi casada com António Xavier Juzarte de Cardoso, fidalgo da Cara Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, que foi correio-mor de Coimbra e familiar do Santo Ofício;
- António Quadros e Sousa, frade no convento da Graça;
- Garcia Lobo Brandão, que foi para a Índia, onde faleceu.

            Antes de casar, teve Pedro Lopes de Quadros e Sousa dois filhos bastardos, de Escolástica Rodrigues, que se chamaram Luís e Catarina. Julga-se que, tendo nascido em 1689 e 1692, respectivamente, terão falecido antes de 1720. A Escolástica era a mais bela cachopa que então havia por estas redondezas: rendia de amores toda a rapaziada figueirense… … a galante filha dos castelhanos, Gregório e Ana Rodrigues. Nascida nesta foz do Mondego, em 1670, era insensível a todos estes galanteios. Quis saborear raças mais finas. Rendeu-se; mas, ao entregar a flor dos seus dezoito anos, escolheu, dentre os seus adoradores, aquele que a todos sobressaia pela nobreza e pela posição social. O leitor sagaz adivinhou já que foi Pedro de Melo de Quadros, primogénito do morgado de Tavarede, o conquistador da Escolástica Rodrigues… …A Escolástica teve como prémio de consolação – dote para casar – a quinta das Lamas…, diz-nos o Dr. José Jardim no seu livro ‘As Alfândegas – fidalgas figueirenses de outrora’. Refere mais adiante que apesar de já durázia e do mais que sabemos, casou, em 1709, quanto tinha 39 anos, com o sr. João Gomes Pinto, pessoa acomodatícia em questões de honra, o qual, como é da peça, deu cabo de tudo quanto a digna esposa tinha, vendendo a quinta das Lamas, em 1724, a Luíz de Salazar e Vasconcelos, por 192$000 reis.

            Ainda teve mais três filhos bastardos: Bento de Quadros, de Catarina de Paiva, faleceu na Índia; e D. Helena Maria de Quadros, que viveu com sua mãe, Maria Portulez. Professou no convento do Lorvão, tendo sido eleita abadessa por duas vezes; e D. Antónia, filha de Páscoa Gonçalves, e que foi freira no Convento do Varatojo, em Alenquer.

            Pedro Lopes de Quadros e Sousa, além de irmão da Misericórdia de Buarcos e cavaleiro professo da Ordem de Cristo, foi familiar do Santo Ofício. Eis a cópia do respectivo processo:              Pedro Lopes de Quadros e Sousa, casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, comendador da Ordem de Cristo e morador no Couto de Tavarede – 1721.
            Exmo. Sr. – Diz Pedro Lopes de Quadros e Sousa, comendador da Ordem de Cristo, morador em Tavarede, freguesia de S. Martinho, Bispado de Coimbra, filho legítimo de Fernão Gomes de Quadros, comendador da dita Ordem e da mesma freguesia, e de D. Brites Maria de Albuquerque, que foi baptizada na vila de Gouveia, do mesmo Bispado de Coimbra, neto pela parte paterna de Pedro Lopes de Quadros, comendador da Ordem de Cristo, natural e baptizado em Tavarede, na mesma freguesia de S. Martinho, e de D. Maria Teles de Menezes, filha de D. Álvaro Pereira Coutinho, da cidade de Lisboa e baptizada na freguesia de Nossa Senhora do Paraíso, e pela parte materna neto de António de Albuquerque Coelho de Carvalho, comendador da Ordem de Cristo, natural da vila de Gouveia, e de D. Inês Francisca, natural da cidade do Porto, que ele deseja servir ao Santo Ofício, na qualidade de Familiar e porque nele concorrem os requisitos necessários.
            Pede a V.Exª. que procedendo às diligências costumadas, o queira admitir na dita ocupação de Familiar.
            Declara o suplicante ser casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, filha de Garcia Lobo Brandão, Familiar do Santo Ofício e natural da vila de Alenquer, e de D. Lourença Maria de Castelo Branco, baptizada na igreja de S. Miguel, da dita vila. Neta pela parte paterna de João Lobo Brandão e de D. Isabel Henriques de Menezes, ambos da dita vila de Alenquer. Neta pela parte materna de Marcos Ferrão, baptizado na freguesia de S. Miguel da dita vila de Alenquer, que foi Familiar do Santo Ofício, e de D. Madalena Maria de Castelo Branco, natural da vila de Torres Vedras.
            (Despacho à margem: Os inquisidores de Coimbra informem com seu parecer. Lisboa 1 de Novembro de 1720)
            Exmo. Sr. – Tomámos informações com os comissários Manuel de Carvalho, José de Figueiredo Simões e com o padre António Alvarez de Faria, e com os notários Manuel da Costa Correia e Pedro Pereira, acerca da limpeza do sangue e mais requisitos e de Pedro Lopes de Quadros e Sousa, comendador da Ordem de Cristo, que pretende ser Familiar do Santo Ofício, conteúdo na petição inclusa, que V. Exª. nos manda informar e nos dizem os ditos informadores que por si, seus pais e avós paternos e maternos, é legítimo e inteiro cristão velho e por parte de sua mãe se acha o dito pretendente habilitado pelo Santo Ofício, por ser esta irmã inteira do Familiar António de Albuquerque Coelho de Carvalho e filhos dos mesmos pais, é casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, filha do Familiar Garcia Lobo Brandão e de D. Lourença Maria de Castelo Branco, moradores na vila de Alenquer, é o dito pretendente de boa vida e costumes e tem capacidade para o lugar que pretende, é das mais nobres e esclarecidas famílias deste campo de Coimbra, trata-se com esplendor e luzimento, e seus pais e avós tiveram a mesma nobreza e tratamento; o seu rendimento importará em 6 para 7 mil cruzados, pelo que nos parece que V. Exª. lhe faça a mercê que pretende e V. Exª. mandará o que fôr servido. Coimbra, 2 de Setembro de 1720.
(despacho à margem: os Inquisidores de Coimbra mandem fazer as diligências ao suplicante e feitas na forma do regulamento as enviem ao Conselho. Lisboa, 6 de Setembro de 1720)
            Ilmos. Senhores – Passando ao Couto de Tavarede, freguesia de S. Martinho, achei pela informação que com muita individuação tomei extrajudicialmente com o padre cura Manuel Pinto da Rocha e o padre Francisco Rodrigues Portugal, e com o padre José Neto Coelho e Filipe Jacome, José de Almeida e Manuel Ferreira Coimbra, todos pessoas cristãos velhos, legais, fidedignas mais antigas e noticiosas, e naturais e moradores no dito Couto de Tavarede, que Pedro Lopes de Quadros e Sousa, casado com D. Madalena Henriques de Menezes, comendador da Ordem de Cristo, e natural e morador no dito lugar de Tavarede, deste Bispado de Coimbra, e filho legítimo de Fernão Gomes de Quadros, comendador da dita Ordem, natural do dito Couto de Tavarede, e de sua mulher, D. Brites Maria de Albuquerque, e neto paterno de Pedro Lopes de Quadros, comendador da Ordem de Cristo, natural do dito Couto de Tavarede e de sua mulher D. Maria Teles de Menezes, por via do dito seu pai e avô paterno, é legítimo e inteiro cristão velho, limpo de toda a infectanação (?), sem fama ou rumor em contrário.

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