sábado, 18 de agosto de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 41


1972.01.26     -     CONTO DE INVERNO (MAR ALTO)
                 Integrado no programa de aniversário, o grupo cénico da SIT acaba de dar ao público de Tavarede mais uma peça – Conto de Inverno, de Shakespeare – em que José Ribeiro, ainda outra vez, põe à prova as suas invulgares qualidades de encenador e ensaiador. Desta feita tudo lhe pertence: até a tradução da obra.
                Num palco acanhado para uma peça recheada de mutações, a sua mão mágica consegue que os seus cordelinhos façam milagres.
                Antes da representação, José Ribeiro leu ao público o prefácio que escreveu como nota explicativa desta curiosa obra de Shakespeare. Todas as peças de Shakespeare são difíceis; esta também o é:
                = Mutações constantes (a pedir palco giratório);
                = Muitos personagens em cena (uma grande parte com boas rábulas);
                = Muitos estreantes (o que causa sempre dificuldades para a unidade da peça).
                Magníficos os cenários (alguns adaptados), e um extraordinário guarda-roupa de Alberto Anahory, talvez o mais rico que ali foi apresentado até hoje.
                De belo efeito a cena final, pela grandiosidade do guarda-roupa, pela montagem e pelo magnífico jogo de luzes.
                Representação incerta, própria de uma première.
                “Conto de Inverno”, como o título diz, é um conto. Ele merece ser visto e ouvido por todo o público, pelo que o recomendamos aos nossos leitores.
                O público aplaudiu sem reservas. No final do espectáculo obrigou a subir o pano várias vezes e exigiu a presença de José Ribeiro em cena.
                Entre os convidados estavam os srs. engº. José Jorge de Pinho, presidente da Câmara da Figueira, e sua esposa; cónego Tomás Póvoas, reitor do Seminário; revdº. José Manuel Leite e sua esposa; revdº. João Severino Neto, etc.

1972.01.27     -     “CONTO DE INVERNO”, DE SHAKESPEARE (A VOZ DA FIGUEIRA)

                Assistimos no passado sábado à récita de aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense, que sempre tem primado por apresentar bom teatro, e mais uma vez demos por bem empregue a nossa deslocação à vizinha Tavarede.
                Mestre José Ribeiro não proferiu a habitual palestra que antecede as estreias, mas leu o prefácio que escreveu sobre a peça “Conto de Inverno”, de William Shakespeare, que pela primeira vez era representada em Portugal, em língua portuguesa, já que em 1939 fora apresentada em Lisboa por um grupo de ingleses e estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em récita particular.
                Com “Conto de Inverno”, Skakespeare esteve presente pela terceira vez em Tavarede. A primeira em 1964, por ocasião do seu 4º. centenário  com a “mui excelente e lamentável tragédia Romeu e Julieta”, sem dúvida a sua mais popular obra, adaptada ao teatro e ao cinema em variadíssimas versões. Quatro anos depois o dramaturgo inglês voltou ao palco de Tavarede com o Dente por Dente, com adaptação de Luís Francisco Rebelo, e agora com Conto de Inverno, traduzida e adaptada por João José, pseudónimo artístico de José Ribeiro.
                “Conto de Inverno”, uma quase tragédia em 5 actos e 10 quadros, foi representada na corte de Jaime I, em 5 de Novembro de 1610, seis anos antes da morte do seu autor, Alma do século, Monumento sem túmulo, Doce cisne do Avon, como Shakespeare foi classificado por Bem Johnson.
                José Ribeiro disse que “Conto de Inverno” tinha qualidades para agradar a crianças e a adultos, e, de facto, assim é.
                Concebida longe dos moldes de “Hamlet”, “Romeu e Julieta”, “O mercador de Veneza”, e outras, a peça ora apresentada em Tavarede conta-nos a história do ciumento Leontes, rei da Sicilia, que pretendeu matar o seu pretenso rival Polixenes, rei da Boémia, mandou abandonar sua filha recém-nascida num monte deste país e fez julgar Hermione, sua mulher, por crime de adultério, de que estava inocente conforme depois foi confirmado pelo Oráculo de Delfos.
                A peça tem um final imprevisto e acaba bem, reconhecidos que foram os infundados ciúmes de Leontes.
                Nada menos de 37 são as personagens que intervêm em “Conto de Inverno”, que conta com a participação dos “veteranos” João Cascão, Violinda Medina e Silva, Fernando Reis, João de Oliveira Junior e José Luiz do Nascimento.
                Boas presenças de José Medina, João Medina, José Santos, Manuel Cerveira, Luiz Medina, Ana Cristina de Oliveira, Rosa Maria da Silva, etc.
                A cenografia é do prof. Manuel de Oliveira e de José Maria Marques, com um excelente guarda-roupa de Alberto Anahory que, como sempre, primou por apresentar luxuosas indumentárias da época.
                A encenação é do nosso já consagrado e competente José Ribeiro que, como as que tem apresentado no palco da SIT, lhe deu todos os condimentos necessários para fazer de “Conto de Inverno” mais um assinalado êxito para os amadores de Tavarede.

1972.10.07     -     CENTENÁRIO DA PUBLICAÇÃO DE OS LUSÍADAS (O FIGUEIRENSE)

                O IV Centenário da Publicação de “Os Lusíadas” teve, na Figueira, a mais brilhante comemoração por parte do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense que, na quarta-feira, em espectáculo oferecido pela Câmara Municipal ao público da cidade, representou no teatro do Peninsular, o “Auto de El-Rei Seleuco” e “Camões e Os Lusíadas”. Foi uma noite de Arte e Beleza, bem digna do nome glorioso que se quis homenagear.
                Não permitem o tempo e o espaço que nos detenhamos na apreciação do espectáculo, em que o saber de José Ribeiro e o talento dos seus distintos amadores mais uma vez se evidenciaram.
                Queremos apenas acrescentar que nessa noite, a Câmara homenageou a Sociedade de Instrução Tavaredense, entregando à sua direcção a Medalha de Mérito, em ouro. O público associou-se a tão justa homenagem, sublinhando o acto com fartos aplausos. O vereador sr. dr. Carlos Albarino Maia disse palavras a propósito e o sr. presidente da Câmara fez a entrega da medalha.
                O revdº Cónego dr. Urbano Duarte dissertou com brilho sobre as razões daquele sarau. Prestou homenagem à Sociedade de Instrução Tavaredense pelo seu esforço em prol do Teatro e fez rasgado elogio de José Ribeiro e do seu trabalho, que procurou trazer a figura e a imortal obra do grande épico ao nível do nosso povo, para este melhor o entender e admirar.
                Em cena aberta, os distintos amadores receberam, no final, as calorosas homenagens do público. José Ribeiro teve chamada especial e trouxe consigo ao proscénio António Tomás, que com felicidade gravou as vozes de Garrett e de “Os Lusíadas” e realizou toda a sonorização.
                Enfim, uma noite de Arte e Beleza.

1972.10.11     -     CENTENÁRIO DE “OS LUSÍADAS” (MAR ALTO)

                Atingiu raro brilhantismo o sarau que a Câmara Municipal, através do sector Cultural, promoveu, com ingressos gratuitos, no teatro do Grande Casino Peninsular.
                Representou o grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense, o “Auto de El-Rei Seleuco”, do Poeta, e “Camões e Os Lusíadas”, uma evocação da autoria de José Ribeiro.
                O cónego dr. Urbano Duarte pronunciou uma oração brilhante acerca da obra e figura de Camões, que a Figueira homenageava com a colaboração da Sociedade de Instrução Tavaredense. Referiu o trabalho de José Ribeiro no campo da Cultura e agora no engrandecimento do Épico.
                No final, os amadores, José Ribeiro e António Tomás, colaborador do grupo, foram ovacionados calorosamente.

1972.10.12     -     CENTENÁRIO DE “OS LUSÍADAS” (A VOZ DA FIGUEIRA)

                Decorreu com o nível previsto o espectáculo que o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, a convite dos Serviços Culturais da Câmara Municipal, e para comemorar o 4º. centenário da publicação de “Os Lusíadas”, levou a efeito no Teatro do Casino Peninsular, na penúltima quarta-feira.
                Antes do início do espectáculo, com a presença da Direcção daquela colectividade, e do seu competentíssimo director cénico, o presidente do Município Figueirense, sr. eng. José Jorge de Pinho fez-lhe a entrega da Medalha de Mérito da Cidade, com que, por proposta do antigo vereador da Cultura, sr. dr. Marcos Viana, fora agraciada.
                O dr. Carlos Albarino Maia, actual vereador daquele pelouro, proferiu breves palavras sobre o acto e sobre a pessoa encarregada de justificar as razões do espectáculo que ia seguir-se, o sr. cónego dr. Urbano Duarte.
                Este, no uso da palavra, divagou sobre o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense e de Tavarede, que representaram para ele, recentemente, maravilhosa descoberta. Terminou pela leitura dum poema de Miguel Torga, sobre Camões.
                O espectáculo abriu com a representação do “Auto de El-Rei Seleuco”, de Camões, em que o grupo cénico da terra do limonete brilhou, mais uma vez, a grande altura.
                Uma nova “estrela” abre promissoras perspectivas à arte de representar – a gentil Ana Cristina de Oliveira – numa terra de tão gloriosas tradições teatrais, como é Tavarede.
                João Cascão, José e João Medina, José Luís do Nascimento, Fernando Reis e João de Oliveira Junior todos já experimentados e conscienciosos amadores, deram relevo à representação, procurando tirar partido duma peça que, escrita em verso arcaico, poucas probabilidades tinha de assegurar o êxito perante o espectador comum.
                Com uma sucessão de quadros de grande efeito cénico e sabor camoneano, inspirados em Camões e “Os Lusíadas” – trabalho excelente de José Ribeiro – completou-se o espectáculo.
                Nele fez a sua reaparição o notável amador António Jorge da Silva, no papel de Telmo Pais, do “Frei Luís de Sousa”, em que noutros tempos tanto se destacou.
                Os restantes intervenientes deram homogéneo contributo à representação.
                O público aplaudiu demoradamente e saíu satisfeito desta condigna comemoração do 4º. centenário da publicação de “Os Lusíadas” na nossa terra.

1972.11.04     -     PROFESSOR DR. HERNANI CIDADE (O FIGUEIRENSE)

                Hoje à noite, o grupo de teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense representa, novamente, esplêndido programa comemorativo do IV Centenário da Publicação de “Os Lusíadas”, constituído pelo “Auto de El-Rei Seleuco”, de Luís de Camões, e pela evocação de “Camões e Os Lusíadas”, da autoria de José da Silva Ribeiro.
                A esta representação assistirá o ilustre presidente da Comissão Nacional das Comemorações, sr. Prof. Dr. Hernani Cidade.
                Este eminente camonista profere amanhã uma conferência sobre Luís de Camões e “Os Lusíadas”, na reunião do Rotary Clube da Figueira, a realizar em almoço no Grande Hotel.

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