sábado, 27 de outubro de 2012

Quadros - Os Senhores de Tavarede - 27






João Carlos Emílio Vicente Francisco de Almada Quadros de Sousa Lencastre Fonseca Saldanha e Albuquerque

3º. Conde de Tavarede


            Querendo perpetuar a memória dos bons serviços prestados ao país pelo Conde de Tavarede, Francisco de Almada Quadros Sousa e Lencastre, Par do Reino e Governador Civil do Distrito da Lisboa, que acaba de falecer, e daqueles com que seus maiores já se haviam assinalado e distinguido com proveito do Estado, e atendendo a que João Carlos Emílio Vicente Francisco de Almada Quadros Sousa Lencastre Fonseca Saldanha e Albuquerque é o filho primogénito do referido Conde e neto do Duque de Saldanha, presidente do Conselho de Ministros e marechal em chefe do Exército; por estes respeitos e por esperar que, imitando os exemplos de honra e lealdade de quem descende, procurará tornar-se benemérito da Pátria, hei por bem, em nome de El-Rei, fazer-lhe mercê de o elevar a Grandeza destes reinos com o mesmo título de Conde de Tavarede em sua vida.

            Tem este decreto a data de 26 de Novembro de 1853, dia imediato à morte de seu pai. João Carlos Emílio nascera no dia 15 de Abril de 1849, em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel, onde seus pais residiam. Fez os seus primeiros estudos no Colégio Francês de S. Luís e, depois de ter prosseguido os estudos no Funchal, para onde fôra sua mãe com o seu padrasto, e em Lisboa, no Liceu Nacional, matriculou-se no Curso Superior de Letras, no qual se licenciou.

            Fidalgo da Casa Real, foi igualmente comendador das Ordens de Nossa Senhora de Vila Viçosa e de Carlos III, de Espanha. Nos anos 60 do século XIX, foi secretário particular de seu avô, o Duque de Saldanha, e foi nomeado governador civil do distrito da Guarda em 1870, cargo que exerceu até Fevereiro do ano seguinte.

            Por morte de seu avô, o 1º. Conde de Tavarede, no ano de 1861, sucedeu-lhe no senhorio da Casa de Tavarede. Em 1872, depois de abolídos todos os vínculos, os bens pertencentes à Casa de Tavarede foram avaliados em 6 400 000 reis, tendo também recebido de herança os seguintes bens: Palácio e quinta do Grilo, quinta da Ameixoeira e foro da quinta do Castelo Picão, no concelho dos Olivais; um prazo, em Santarém; um prazo, em Lisboa; um prazo, em Arruda dos Vinhos; um prazo, no Cartaxo; foros em Santarém, Torres Vedras e Mafra; um maninho chamado Malheiros, em Alcácer do Sal; foros diversos no morgado de Moura, Serpa e Beja; herdade do Monte do Gato, em Évora; e diversos foros em Serpa (caderno IX, do Dr. Mesquita de Figueiredo).

            O Conde de Tavarede viveu em Lisboa até finais do ano de 1869, passando, depois, a residir em Trancoso, embora fizesse vários períodos em Tavarede e na capital.

            No dia 26 de Novembro de 1869 casou com D. Maria da Piedade Lodi, nascida em Lisboa a 27 de Fevereiro de 1847, que era filha do Anselmo Lodi e de D. Senhorinha Leite Lodi. Enviuvou de D. Maria da Piedade em 22 de Outubro de 1870, menos de um ano após o casamento. Foi sepultada em Trancoso, por sua vontade em campa rasa, ficando ali conhecida como Santa Condessinha, pela sua misericórdia e que por muitos anos ficou na memória dos trancosenses.

            A 7 de Janeiro de 1875, o Conde de Tavarede casou novamente, com D. Maria Justina Ribeiro de Melo, filha de João Ribeiro Álvares de Melo, comendador da Ordem de Cristo e escrivão do Direito, em Trancoso, e de D. Maria Joana Augusta de Almeida e Sousa. O casamento teve lugar na capela do seu solar em Trancoso.

            Foi membro de uma comissão promotora do ensino primário e presidente da Escola Popular. Também foi membro do Conselho Municipal e presidente da Câmara de Trancoso. No ano de 1883, o Conde de Tavarede resolveu ausentar-se, com a família, de Trancoso, vindo residir para a nossa terra, para o seu solar, onde mandou fazer grandes alterações. O estilo das obras realizadas é o mesmo que se encontra em finais do século XIX, por exemplo em Sintra. Trata-se de um estilo sem grandes regras, essencialmente imitador do manuelino mas sem a grandeza e carácter deste.

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