sábado, 13 de outubro de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 49


1991.04.05     -     TAVAREDE EVOCOU TEATRO (O FIGUEIRENSE)

                Tavarede, santuário de muito teatro, não esqueceu (como podia?) de assinalar o Dia Mundil do Teatro, que ocorreu na passada semana, no dia 27.
                Não sabemos de outras iniciativas que tenham decorrido no nosso concelho, mas, se eles acaso não se desenvolveram, Tavarede salvou, como se diz, a honra do convento, ao promover, na sua sede, uma noite em que o Teatro e José da Silva Ribeiro voltaram a dar mãos, encheram a Sociedade de Instrução Tavaredense e reconfortaram o espírito de todos que participaram nesta comemoração.
                Presidiu à sessão o Dr. Luís de Melo Biscaia, vereador do pelouro da Cultura, o qual, em mesa de honra, estava rodeado pelo presidente da Junta de Tavarede, António Baltazar, e pelas drªs. Ilda Manuela e Ana Maria Caetano, bem como pelo presidente da SIT, Manuel Lontro.
                E seriam de Manuel Lontro as primeiras palavras explicativas da razão desta sessão, na qual a comissão promotora da homenagem a José Ribeiro resolveu aproveitar o Dia Mundial do Teatro não só para evocar o Mestre, mas também para do Teatro falar, como se os dois, adiantamos nós, se pudessem separar.
A Drª Ilda Manuela leu depois a mensagem do Director Geral da Unesco, Frederico Mayor, relativa à data que se assinalava e na qual aquele responsável distinguiu o instinto criador de todas as mulheres e de todos os homens, enunciando seguidamente alguns dos grandes desafios do nosso tempo, recordando também o valor da comunidade teatral internacional, incitando às manifestações desta arte ímpar, na contribuição do advento de um mundo mais criador e mais fraterno.
                A intervenção de fundo coube à Drª Ana Maria, actual ensaiadora da SIT, discípula de Mestre José Ribeiro, a qual, corajosa, mas conscientemente, pegou nas rédeas da colectividade após o falecimento de João de Oliveira, outro homem grande do Teatro tavaredense.
                E a palestrante traçou um cuidadoso retrato destes dois grandes e indissolúveis triunfos culturais de Tavarede, isto é, historiou a fecunda actividade teatral e evocou José da Silva Ribeiro.
                Recordou os tempos da fundação da SIT, lembrando as sociedades dramáticas que se representavam de casa a casa, a acção de João José da Costa e a contribuição que este ex-presidente da Câmara deu à actividade teatral transformando a Casa do Terreiro em Teatro do Terreiro, a escola nocturna que o antigo regime encerrou em 1942, as representações, as dificuldades...
                Mas 1916 é marco histórico-cultural de Tavarede, pois é nesse ano que José da Silva Ribeiro, com apenas 18 (?) anos, se assume como ensaiador da SIT, estreando-se com a opereta “Entre duas Avé-Marias”.
                E pelo palco de Tavarede passou uma população que se cultivou, educou, progrediu, tomando características próprias que se haviam de reflectir no dia a dia da vida real.
                E neste Dia Mundial do Teatro foi bom aprender e recordar muito do que o Teatro deve a Tavarede, muito do que Tavarede deve a Mestre José da Silva Ribeiro, viajando ciceroniado pela Drª Ana Maria, num agradável passeio cultural que nos conduziu dos primórdios teatrais tavaredenses até aos nossos dias, havendo ainda tempo para saudar Violinda Medina, João Cascão, os irmãos Broeiros, Manuel Nogueira, Francisco Carvalho e tantos outros pilares humanos da SIT.
                E a palestrante concluiria as suas palavras com a certeza de que “em Tavarede deixou bem colocada a semente do Teatro”, finalizando com um viva ao Teatro.
                O Dr. Luís de Melo Biscaia encerraria a primeira parte desta sessão evocativa do Dia Mundial do Teatro, declarando “que hoje sabe bem revivermos José da Silva Ribeiro neste Dia Mundial do Teatro”, realçando posteriormente quer a sua acção, quer a de todos os amadores da Sociedade de Instrução Tavaredense, felicitando, por fim, a oradora pelo seu brilhante trabalho.
                A derradeira parte desta reunião foi toda ela ocupada pela passagem de um vídeo, no qual nos foi apresentada uma completa entrevista realizada ainda com o Mestre José Ribeiro, ora situada em sua casa, ora localizada na sua segunda casa, a SIT.
                E se soube bem reviver Mestre José Ribeiro nas palavras da Drª Ana Maria, como afirmou Luís Biscaia, não menos emotivo foi revê-lo nas imagens, sentir toda a sua determinação, vontade, todo o seu “amor ao Teatro e às suas gentes de Tavarede”.
                Tavarede não esqueceu o Dia Mundial do Teatro. Bastou que do Mestre José Ribeiro se falasse...

1992.01.24     -     SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE (O FIGUEIRENSE)

                Como temos vindo  divulgar, a Sociedade de Instrução Tavaredense está a festejar o seu 88º aniversário.
                Colectividade de características muito particulares, a SIT tem sido, o longo dos anos, como que o santuário do teatro de amadores do nosso concelho, não apenas (o que já seria muito) pelo facto de tradicionalmente possuir um conjunto de intérpretes de elevado nível, mas também pela influência positiva e apoio que sempre transmitiu a outras associações mais carenciadas.
                É hoje inviável falar-se da Sociedade de Instrução Tavaredense sem que vários nomes dos brilhantes tavaredenses nos ocorram ao pensamento. Mas temendo não relembrar  totalidade, o que seria injusto, evocamos colectivamente a sua memória, recordando Mestre José Ribeiro, um Homem que cultivou as gentes de Tavarede através do Teatro, Arte que levaria o nome da SIT, de Tavarede e da Figueira da Foz a ultrapassarem barreiras culturais que, “na época”, constituíam grave obstáculo ao natural desenvolvimento de arte de representar.
                E por falar em Teatro, lembramos que amanhã sobe ao palco da SIT a peça de Molière “O Avarento”, comédia em 5 actos, numa tradução do Prof. Paulo Quintela, e numa representação dos amadores da colectividade em festa.
                Recordamos ainda que no domingo, com início às 17 horas, decorrerá a sessão solene, que contará com a presença de diversas entidades oficiais e convidados.
                Na impossibilidade de estarmos presentes, desde já felicitamos a Sociedade de Instrução Tavaredense.

1992.02.07     -     TAVAREDE, ONDE O TEATRO É TEATRO (O FIGUEIRENSE)

                Considerada como o santuário do teatro de amadores, a Sociedade de Instrução Tabvaredense acaba de encerrar um ciclo de actividades que marcaram a passagem do seu 88º aniversário, porquanto, ao correr dos anos, como uma das agremiações que maior acção educativa terá exercido na sua comunidade, particularmente pela via do teatro.
                E a sessão solene, que decorreu na sua acolhedora sede, mais não foi que o culminar de variadas iniciativas, das quais é justo destacar a Estafeta do Teatro, durante a qual gentes de Tavarede ligaram o palco do Teatro de Mestre Gil Vicente, em Coimbra, com o de Mestre José Ribeiro, em Tavarede, num percurso tão rico de significado, pois entre a meta e a chegada, os sócios da SIT recordaram o distinto tavaredense que foi João de Oliveira Júnior, falecido, na rua, bem perto do local da partida. Mas ainda se saudou o Grupo de Teatro Amador de Taveiro na passagem por aquela povoação e, mais adiante, tendo como testemunha o vetusto castelo, os caminheiros prestaram honras ao Centro de Iniciação Teatral Ester de Carvalho, em Montemor-o-Velho.
                Finalmente, ao aproximar-se Maiorca, as palavras de admiração encaminharam-se para o Actor Dias, símbolo cultural daquela vila.
                Ainda no programa de aniversário constava uma representação de “O Avarento” de Molière, a cargo dos amadores da sociedade em festa. Mas tal não foi possível, pois razões de saúde, ao que nos afirmaram, impediram dois amadores de subirem ao palco, ainda que em palco, numa oportuna substituição, tivessemos igualmente Molière, mas agora no “Médico á Força”, trazido pelos briosos amadores do Grupo Instrução e Recreio Quiaiense, uma associação onde também o teatro é... Teatro.
                Falemos da sessão solene, que teve a presidi-la o vereador do pelouro das colectividades, Carlos Alberto Gonçalves, representando a Câmara Municipal.
                Perante um público demasiadamente pouco numeroso para os pergaminhos (e necessidades) da Sociedade de Instrução Tavaredense, iniciou a parte dos discursos o presidente da Junta de Freguesia, António Simões Baltazar que, em nome da entidade que representava, cumprimentou a SIT, tendo igualmente tecido alguns justos comentários relativos ao associativismo vivido em Tavarede, que anseia mais dinamismo, declarando que gostava que a SIT fosse conhecida não somente pelo seu Passado (brilhante), mas igualmente pelo seu Presente. Lembrou a existência do pavilhão desportivo não suficientemente aproveitado, exprimiu o desejo que o grupo cénico se mantenha unido como outrora, para prestígio de Tavarede.
                A Drª Ana Maria Caetano, um dos actuais pilares da casa, para além de muito frontalmente ter lamentado a ausência do público na plateia, justificou, sem que do problema fizesse um drama, a não representação de “O Avarento”.
                Nestas sessões solenes de Tavarede desde há longos anos que um dos clássicos oradores é Carlos Cardoso, desta vez impedido, por motivos de saúde (falta de) em estar presente. Contudo, a Drª Ana Maria não o esqueceu, tendo-lhe dedicado uma saudação muito especial.
                Como orador oficial os tavaredenses contaram com um nome grande do teatro, a nível concelhio, isto é, Alfredo Cardoso, um homem que em Brenha tem desenvolvido uma dinâmica teatral digna dos maiores encómios. Pois Mestre Alfredo Cardoso brindou aqueles que tiveram a sorte de o escutar com uma notável intervenção, cujo tema geral, claro, era o Teatro, tendo focado particularmente o teatro da SIT, evocando muito das suas vivências que, desde há longos anos, com ele manteve, muito particularmente com José da Silva Ribeiro.
                A sessão terminaria com palavras do vereador Carlos Gonçalves que apelou para um associativismo mais forte, destacando a sua função dentro de uma comunidade como Tavarede.

1992.04.03     -     DIA MUNDIAL DO TEATRO (O FIGUEIRENSE)

                Tavarede, capital do nosso teatro amador concelhio, não poderia, como sucedeu em tantas localidades, deixar de assinalar o Dia Mundial do Teatro, que se comemorou no passado dia 27 de Março.
                É que se Tavarede tem tradições teatrais como ninguém, a verdade é que todo um Passado glorioso e um Presente não menos digno aumentou as responsabilidades da Sociedade de Instrução Tavaredense.
                Assim o entenderam, e muito bem, os seus actuais dirigentes, fazendo subir ao palco, na passada sexta-feira, um senhor chamado Molière, um homem que a todos deu o privilégio da alegria, traduzida e provocada pela magia da arte teatral.
                E não resistimos a transcrever afirmações de Mestre José Ribeiro, em carta a um amigo, a respeito deste autor universal: “Pois o Molière é um bom anigo. A graça com que ele se ri! A ironia com que ele critica! A profundidade do seu estudo da sociedade do seu tempo! Tenho rido com ele. E tenho pensado”.
                E estamos certos que com Molière riram os muitos assistentes que na sede da SIT quase, quase enchiam o salão de espectáculos, numa noite em que o ingresso era livre, tal como o riso que os amadores de Tavarede souberam extrair de um texto, a que somaram a postura natural própria, ou só própria, daqueles que sentem Molière.
                Mas Molière não faz apenas rir (o que já era suficientemente saudável), mas também provoca a reflexão. A reflexão sobre o acto de viver, nas suas mais contrastantes situações, o repensar de atitudes no diálogo quotidiano que o Homem trava com o Homem.
                E “O Avarento”, peça em 5 actos, é (pode ser) o espelhar do que antes afirmámos, e embora ela decorra no século XVII, nem por isso o dia a dia... dos nossos dias evita o encontrar de posições similares. É tudo uma questão imaginativa.
                Antes de representação subiu ao palco o Dr. Pedrosa Russo, presidente do Lions, um clube de serviço que tanto tem feito, com as suas Jornadas de Teatro Amador, para o agarrar do Teatro. Com ele a Drª Ana Maria Caetano, ilustre e dedicada continuadora da linha teatral da SIT.
                Ambos falaram de Teatro, Teatro que é esperança, que é sonho, que é mentira, que é necessidade; Teatro que desperta a solidariedade, que confere dignidade  e combate o racismo.
                Teatro que também é um modo de estar na vida.
                Teatro de que Coimbra vai ser capital, mas que bom seria, foi afirmado, não esquecer o restante distrito, não esquecer, acrescentamos nós. Tavarede.

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