sábado, 20 de julho de 2013

O Associativismo na Terra do Limonete - 32

         E no ano de 1926 foi, logo no seu dia primeiro, comemorado mais um ano do Grupo Musical Carritense, conforme refere esta nota. Festejou galhardamente no passado dia de Ano Bom mais um aniversario da sua fundação o simpatico Grupo Musical Carritense, do vizinho e aprazivel logar dos Carritos.
         De manhã, a tuna da mesma sociedade fez a alvorada, subindo ao ar nesse momento, uma salva de 21 morteiros. Ás 13 horas esteve exposta a séde, que se encontrava profusamente ornamentada com lindas flores naturaes e artificiaes. Mais tarde a mesma tuna foi esperar a do florescente Ateneu Alhadense, das Alhadas, que vinha retribuir a visita que aquela colectividade lhe havia feito a quando da brilhante comemoração do seu 1º aniversario. Depois de cumprimentar alguns directores do Grupo, dirigiram-se para a séde desta sociedade, onde lhes foi servido um excelente e abundante copo d’agua. Em nome da direcção, deu as boas vindas o sr. Antonio Lopes, respondendo o ilustre presidente do Ateneu, sr. Desidério Nossa, que agradeceu num curto mas primoroso e eloquente discurso as sinceras e afectuosas homenagens que estavam sendo prestadas á sua associação. Retiraram pouco depois os vizitantes, muito bem impressionados, sendo acompanhados até á saida da povoação pela tuna do Grupo dos Carritos. Esta seguidamente andou, como de costume, cumprimentando os seus consocios. Ás 18 horas, realisou-se a sessão solene, á qual presidiu o sr. Antonio Lopes, representante do Grupo Musical e d’Instrucção Tavaredense, secretariado pelos srs. Augusto de Oliveira, delegado do União Football Club, de Buarcos e José Simões. Após a leitura do expediente, foi colocada no estandarte do Grupo – uma bela obra do distinto pintor figueirense, sr. Antonio Piedade – pela esposa do nosso bom amigo, sr. Albino Jorge Carlos, uma linda fita de seda, oferecida por uma comissão de senhoras casadas, usando então da palavra o sr. presidente para se referir á simpatica iniciativa das oferentes, que muito as dignificava pelo alto exemplo do amor associativo que acabavam de patentear.
         Á noite efectuou-se o baile que esteve muito concorrido.
         Sinceramente felicitamos na pessoa do inteligente e incançavel presidente da direcção, nosso querido amigo sr. Manuel Maria Santiago, todos os associados da prestimosa colectividade pela patriotica obra que há cinco anos veem realizando.

         Por sua vez, a Sociedade de Instrução, festejando igualmente o seu 22º aniversário, comemorou-o com atraente programa, destacando-se, na récita de gala, a apresentação de uma nova opereta sobre os usos e costumes da nossa terra, da mesma parceria da anterior, Gaspar de Lemos e António Simões. Tinha, apenas, um acto e três quadros, mas mereceu o seguinte comentário: Era esta a principal atracção da récita. Havia um grande interêsse pela representação da Pátria Livre, e pode dizer-se que a revista agradou plenamente. Os aplausos foram calorosos, entusiásticos, fazendo a assistência bisar quási todos os números de música. Houve chamadas ao autor, ao maestro e ao ensaiador. João Gaspar de Lemos Amorim e António Simões mereceram sem favor as prolongadas salvas de palmas que se ouviram – o primeiro, por ter escrito com alegre fantasia e uma certa irreverência o comentário ligeiro e gracioso dalguns acontecimentos e factos locais; e o segundo pela felicidade com que pôs e adaptou os números de música, alguns deles lindíssimos; mas não são menos dignos de elogio o espírito e a boa vontade com que os amadores se houveram, de modo a poderem representar a Pátria Livre apenas com 10 dias de ensaio. Não pode exigir-se mais de amadores de aldeia. A impressão geral da representação foi a melhor, sendo especialmente notadas a apresentação correcta e afinação dos córos. A orquestra, constituída por 14 figuras, magnífica.

Bem sabemos que estamos a transcrever demais, mas o caso é que, pessoalmente, consideramos a terceira década do século vinte, a que maior impacto teve no associativismo tavaredense. Os grupos dramáticos, que alcançaram retumbantes êxitos, recebiam imensos convites. A tuna, por seu lado, tinha enorme fama. E ambas as associações tavaredenses desempenhavam os seus estatutários fins, tanto cultural como recreativamente, da maneira mais honrosa para a terra.


Tuna do Grupo Musical e  de  Instrução Tavaredense


Contudo, não deve esquecer-se que, apesar dos enormes esforços empreendidos, o Grupo Musical começava a sentir as maiores dificuldades para cumprir com os seus compromissos financeiros assumidos com a realização das obras, aproveitando-se da enorme complacência do seu sócio benemérito e benfeitor, vendedor do edifício da sede, iam protelando a amortização da compra, procurando solver primeiramente as dívidas contraídas a outros credores. É por isso, e pelo que mais adiante relataremos, que se dizemos que, em nossa opinião, foi uma década verdadeiramente dourada, considerando o desenvolvimento cultural e recreativo, também não podemos deixar de referir as muitas tristezas e desgostos que a impossibilidade do cumprimento das responsabilidades assumidas, terão acabado por causar nos seus mais dedicados e esforçados sócios e colaboradores. 

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