sábado, 20 de dezembro de 2014

O Associativismo na Terra do Limonete - 107

         A década de 80 foi iniciada, praticamente, com as comemorações do 77º aniversário da SIT. A Sociedade de Instrução Tavaredense está a comemorar o 77º aniversário da sua fundação.
         O engº Saraiva Santos, em representação da Câmara Municipal da Figueira da Foz presidiu à sessão solene realizada no teatro-sede da popular e prestigiosa colectividade da Terra do Limonete, sessão que reuniu diversas entidades, civis, militares e eclesiásticas, e, para além de apreciável número de associados, registou ainda a presença simpática duma numerosa embaixada de Tomar, em que predominava a centenária Filarmónica Gualdim Pais que efectuou um concerto antes de ter início a série de discursos alusivos à efeméride.
         Abrilhantou a festa de aniversário a Filarmónica Figueirense, que entoou diversas vezes o hino da colectividade aniversariante.
         Após a leitura do expediente, que continha felicitações vindas sobretudo de colectividades congéneres, seguiu-se a proclamação ou tomada de posse dos novos corpos gerentes da SIT que terá à frente da Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal, respectivamente, José da Silva Ribeiro, Ernesto Lemos Serra e António Jorge da Silva.
         Após a aposição de duas fitas no estandarte da SIT e entrega de um ramo de flores pela representação da Gualdim Pais, e oferta de uma salva de prata pelos dirigentes da Academia Musical Arazedense, gestos simpáticos sublinhados com entusiasmo pelos presentes, iniciou-se a série de intervenções com a palavra do padre António Matos, que salientou o espírito de sacrifício que demonstraram os dirigentes que ora terminaram o seu mandato. Faria ainda a apologia do teatro de Tavarede, afirmando mesmo que “se algum dia deixasse de se fazer teatro em Tavarede, Tavarede deixaria de o ser”.
         Seguir-se-ia Jerónimo Pais, administrador da Sociedade Figueira-Praia, que abordaria os aspectos culturais, artísticos e recreativos da Sociedade de Instrução Tavaredense, e falaria ainda da obra teatral representada no sábado, “Ecos da Terra do Limonete”.
         O dr. Miguel Queirós, delegado regional do FAOJ em Coimbra diria que cada aniversário rejuvesnece as colectividades e são a afirmação da vida das populações, acrescentando que a Figueira da Foz era uma “região excepcionalmente rica em actividade cultural”.
         O dirigente da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais falou com entusiasmo das relações Figueira da Foz – Tavarede – Tomar, dizendo que a SIT levou à cidade do Nabão cultura, teatro a sério. Acrescentaria que se impunha o reatamento do convívio entre estas localidades e que em Tomar o nome de José Ribeiro “estará sempre gravado a letras de oiro”. A seguir entregaria a José Ribeiro a medalha comemorativa do centenário da sua Filarmónica.
         O orador oficial da tarde seria o revdº. José Leite, que dissertou sobre teatro, mais acentuadamente sobre a actividade teatral da SIT, dizendo, a propósito da representação “Ecos da Terra do Limonete” que o teatro proporciona andar-se “de braço dado com a cultura de antanho”, e que a peça focava “várias etapas da história dum povo, ou melhor, em paralelismo com dois povos: Figueira da Foz e Tavarede”.
         José da Silva Ribeiro, o homem de teatro em Tavarede, começaria por tocar em pontos relacionados com o critério de distribuição de subsídios por parte da edilidade, salientando que eles são sempre necessários, deverão reger-se por critérios correctos, devidamente analisadas as actividades dos agrupamentos a quem se destinam, mas que os subsídios nunca terão interesse “se dentro das colectividades não existir a alma de cultura e recreio”.
         Dissertaria ainda sobre conceitos de liberdade e cultura, e saudaria efusivamente a representação de Tomar, a quem entregou uma placa comemorativa do aniversário, o mesmo sucedendo com a Filarmónica Figueirense, cuja presença saudou, formulando votos para que desta feita tenha regressado para ficar, passada a fase apagada, recentemente ocorrida.
         Encerrou a sessão o engº Saraiva Santos, que disse trazer o seu abraço de parabéns em nome da Câmara Municipal. “É com muita honra que me encontro naquilo que eu considero um verdadeiro santuário do teatro amador em Portugal, ou melhor, do teatro em Portugal”.
         Manifestaria as preocupações da edilidade em manter critérios de promoção e apoio, embora devessem ser revistos “os princípios que hão-de nortear a política de subsídios”.
         Terminaria com considerações elogiosas à volta da figura de José da Silva Ribeiro, dizendo que o seu nome ficaria indelevelmente “ligado à cultura portuguesa”.
         Decorreu com o habitual ambiente festivo esta sessão solene comemorativa do 77º aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense, efectuada no domingo, e, por nossa parte, só formulamos votos sinceros para que nunca se perca em Tavarede o gosto pela Arte de Talma, sobretudo com aquele entusiasmo e minúcia técnica que ao longo dos anos têm sido constantes da direcção de José Ribeiro que ensina teatro em todos os seus pormenores, pelo menos até onde o propiciam os seus conhecimentos e que são bastantes, como o tem demonstrado.

Como referimos acima, a colectividade em festa recebeu a visita da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar. Dando excelente contributo para um maior brilhantismo das comemorações do 77º. aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense, a Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar, realizou na tarde do dia 17, um concerto na sede daquela colectividade de Tavarede.
         Assim que ele foi iniciado, ficámos logo com a certeza de se tratar de um agrupamento de real categoria.
         E a presença desta banda, que foi fundada no ano de 1877, contanto portanto 104 anos, constituiu um acontecimento artístico que atraiu ao teatro de Tavarede, numerosa assistência.
         Tendo dado inúmeros concertos em Portugal, nomeadamente na nossa terra, no Grande Casino Peninsular e em Espanha, e agora, pela segunda vez, na sede da Sociedade Teatral (perdoem-nos o baptismo...) como que um encontro emocionante, como um abraço fraternal de velhas amizades entre as duas antigas associações, conquistou o 1º. prémio no concurso das bandas musicais do concelho de Santarém, tendo sido finalista no Concurso das Bandas Portuguesas.
         Trata-se de uma banda experiente, contando imensos sucessos em outros tantos concertos, que lhe concederam justificado prestígio.
         A execução dos números do programa, além da linda marcha de abertura “Margens do Tejo”, de Sousa Morais; “Alto Minho”, de Miguel de Oliveira; “Campo das Flores”, de Sousa Morais; “Alma Maiato”, e, no final, o hino da Sociedade de Instrução Tavaredense, foram escrupulosamente interpretados.
         Uma prova bem significativa do que dizemos, em toda a sua verdade. A Filarmónica Gualdim Pais honra a linda cidade de Tomar, onde, por motivos de deveres profissionais, vivemos durante nove anos.
         Mas, voltando ao concerto, foi pena – que nos perdoe o seu insigne maestro – que dadas as possibilidades artísticas, o grande sentido musical de cada instrumentista, apesar de se tratar de simples amadores (o que lhes confere maior mérito) não tivesse presenteado o numeroso auditório com a execução de, pelo menos, uma peça de um autor célebre, cujo teor, no que respeita a dificuldades técnicas e interpretativas, pusesse à prova as tendências e as aptidões de todos os elementos, proporcionando-nos uma completa imagem do seu real valor.
         A música não é algo mais ou menos limitado e sonoro. É bela, transcendente. Sublime, desde que a entendamos por música e nos seja transmitida como obra de arte e consciência.
         Consideramos o maestro – sublinhe-se – como um dos bons regentes portugueses da actualidade. Para ele os nossos parabéns pela perfeição obtida nos vários naipes, responsabilidade, saber profissional, regência e eficiente uniformidade de conjunto, confirmando o prestígio de que muito justamente disfruta.
O público gostou. Compreendeu. Aplaudiu calorosamente todos os números neste excelente concerto.

E em Fevereiro, o Grupo Musical recebeu da Câmara Municipal o terreno prometido para a construção da sua nova sede. Em continuação da deliberação de 19 de Agosto findo, foi novamente presente o processo em epígrafe acompanhado de carta daquela colectividade do seguinte teor:
         “Tendo sido concedidos ao Grupo Musical e de Instrução Tavaredense dois lotes de terreno na Quinta do Paço – Tavarede, com a área de 440 m2, fomos informados pelos Serviços Técnicos dessa Câmara que apenas poderíamos utilizar 168 m2 (catorze por doze). Verificando ser esta área insuficiente para o que nos propomos fazer, (sede da referida Associação com fins sociais e culturais), vimos solicitar a V... se digne autorizar o aumento da área coberta para 268 m2 (catorze por dezassete)”.
         Verifica-se no processo que as condições especiais são as seguintes:
         _ Em cada lote a área coberta tem frente de 7 metros e profundidade de 11 metros, o que perfaz no conjunto dos dois lotes cedidos, 14 metros de frente por 11 de profundidade, ou seja 154 m2, e não, como consta da carta acima mencionada, 168 m2.
         O presidente informou a Câmara que tinha ouvido sobre o assunto o arquitecto Alberto José Pessoa, e também o chefe dos STOU, presente na reunião.
         A Câmara, atendendo a que se trata de uma construção com fins sociais e culturais, que não terá ocupação permanente destinada a habitação, e atendendo ainda à configuração do loteamento previsto no Plano para o local, deliberou, por unanimidade, autorizar a área coberta de 7 metros por 15, em cada lote, ou seja a área total de 14 metros de frente por 15 metros de profundidade, num total de 210 metros quadrados.

         Mais foi deliberado que, a implantação, no conjunto dos dois lotes, da área coberta agora autorizada seja definida pelos STOU.

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