As
comemorações
Vamos dedicar este capítulo,
exclusivamente às comemorações do primeiro centenário da Sociedade de Instrução
Tavaredense. O extraordinário passado da colectividade, pois foram cem anos ao
serviço da cultura e da benemerência, justifica este nosso procedimento, assim
o entendemos.
Como já referimos, uma comissão, em
colaboração com os corpos directivos, assumiu os trabalhos, pois houve, desde o
início, a pretensão de levar a efeito umas comemorações memoráveis, durante as
quais, recordando os antepassados que tão dedicada e esforçadamente levaram a
cabo tão edificante obra, também se conseguisse chamar à associação os jovens,
mostrando-lhes que, sendo eles os continuadores desta obra, a colectividade
centenária era merecedora do seu esforço e da sua dedicação.
Havia, no entanto, enorme carência de
fundos. Foi então que se adoptou a ideia dos almoços mensais, que teve muito
bom acolhimento. Há que reconhecer o esforço, o trabalho e a dedicação do
elevado número de senhoras, que de imediato se prontificaram a colaborar. Ainda
no ano de 2003, a generosa colaboração do hábil artista figueirense Francisco
Simões, grande amigo e admirador desta instituição, traduziu-se no desenho da
medalha comemorativa da efeméride e do logótipo usado durante o evento, que
generosamente ofertou.
Pediu-se o orçamento para a feitura das
medalhas. Ao ser recebida a resposta, a comissão logo se deparou com uma
dificuldade: era exigido o pagamento, contra a confirmação da encomenda, de 50%
do custo total. Valeu a colaboração do então presidente da Junta de Freguesia
local que, tomando conhecimento desta exigência, que a comissão divulgou
durante um dos almoços, se prontificou a emprestar a importância precisa.
Confirmada a encomenda, a mesma foi entregue em Fevereiro seguinte, o que,
considerando a necessidade de pagar a parte restante, obrigou a comissão a de
imediato proceder à venda da medalha. E foi em Outubro que, em conferência de
imprensa convocada para esse fim, se fez a apresentação do anteprojecto
criteriosamente elaborado.
... Tornando
público um programa que considera ‘ambicioso’, e para cuja concretização a
falta de verbas apresenta o principal problema, a Comissão do Centenário da SIT
mostra-se esperançosa de que ‘os apoios venham a aparecer’, e aposta nas mais
diversas manifestações culturais para marcar uma importante data da
colectividade. As actividades de angariação de verbas não têm parado, sendo que
os almoços mensais realizados por senhoras da SIT, e a participação da
ExpoACIFF têm dado frutos. Diversas
entidades oficiais ligadas à cultura já foram abordadas mas, apesar de se
mostrarem ‘receptivas a colaborar, a resposta não varia muito: não há
dinheiro’. No entanto, afirmam, ‘não vamos deixar de celebrar esta data
condignamente’.
Cumprindo o
programa, foi já editada a medalha comemorativa do centenário, e está garantida
uma exposição de teatro, no CAE, que exporá o espólio da SIT. O hino do
centenário, da autoria de João Cascão, também se encontra em fase de
orquestração para a Tuna, e deverá estar pronto no final do ano.
O dia 15 de
Janeiro vai começar com o hino da colectividade e o comemorativo do evento,
tocados pela Tuna de Tavarede, realizando-se depois, à noite, o jantar de gala
no pavilhão gimnodesportivo. O grande espectáculo está agendado para 17, e a
sessão solene realiza-se a 18, data provável do lançamento do livro do
centenário, coordenado por José Bernardes, e que ‘conta a história da
colectividade e dos 100 anos de teatro, ao longo de 250 páginas ilustradas com
cerca de 180 fotos’.
Realizar-se-ão
ainda vários saraus e conferências, e homenagens a Violinda Medina, João de
Oliveira Júnior e José Ribeiro.
Programados
estão ainda jogos florais, encontro de tunas, concurso de fotografia e desenho,
jogos tradicionais e a criação de um memorial, em azulejo, que ostente o nome
daqueles que mais deram à SIT, ao longo de 100 anos.
Apesar das
dificuldades, a comissão está confiante no surgimento de apoios: ‘a cidade vai
estar, por certo, ao nosso lado’.
E no dia 15 de Janeiro de 2004, pela
manhã, a população ouviu o estralejar da salva comemorativa, após o que a tuna
de Tavarede tocou o hino da colectividade centenária, enquanto a bandeira era
hasteada. Pelas 21 horas, no pavilhão desportivo, teve lugar o ‘Jantar do
Centenário’. As paredes encontravam-se revestidas com alguns cenários
representativos de cenas da nossa aldeia e o tecto forrado com faixas de tecido
azul e vermelho, as cores da associação, o que dava ao pavilhão um aspecto
atraente e agradável.
Presidiu o representante do Governo
Civil de Coimbra, que esteve ladeado por diversas entidades oficiais, bem como
pelas representantes dos corpos gerentes da SIT.
Estiveram presentes cerca de 200 pessoas, que lotaram
completamente o recinto. Durante o jantrar, ouviu-se o piano tocado pelo nosso conterrâneo
e consócio João da Silva Cascão, após o que se fizeram escutar várias
intervenções oratórias, a que seguiu a actuação do Orfeão Académico de Coimbra,
patrocinado pelo Governo Civil.
No
pavilhão da colectividade, virado ‘museu’ com algumas das relíquias de cenários
que marcaram o historial invejável de cem anos de devoção ao teatro no seio da
Sociedade de Instrução Tavaredense a engalanar as paredes do amplo recinto e
criar uma envolvência onde se ‘respirava’ teatro por todo o lado, decorreu o
‘Jantar do Centenário’, 1º acto do longo programa de realizações que ao longo
do ano irão enriquecer as celebrações deste marco histórico: ‘primeiro
centenário da SIT’. Solenidade que reuniu cerca de 200 pessoas, a maior parte
delas amadores que pisaram o palco, para além dos muitos convidados que
honraram o evento em representação do Governo Civil, Câmara Municipal da
Figueira e autarquia local.
E o primeiro gesto de saudação à
histórica entrada da colectividade no galarim dos ‘Centenários’ veio da
apresentação pública da ‘Marcha do 1º Centenário’, referencial honroso de uma
caminhada de muitos êxitos a envolver gerações e que guindou Tavarede ao lugar
de destaque – houve quem a elegesse ‘Catedral do Teatro Amador’ – que extravasou
o Concelho e mesmo o Distrito.
Depois, abrilhantado pela suavidade
musical saída do piano tocado por João Cascão, o banquete de sabores
apadrinhados por celebridades ligadas à arte de Talma – entradas à Molière;
creme à Garrett; bacalhau à D. João da Câmara; lombo assado à Gil Vicente;
sobremesa à Shakespeare; café Pirandello, tudo regado a vinhos e digestivos à
Terra do Limonete, com a novidade da ‘prova’ do Vinho do Centenário da SIT, uma
recordação que pode ser comprada na colectividade -; a confraternização saudosa
de cenas vividas naquele palco de tantas representações que moldaram vidas e
criaram escola e as mesas davam vida nos dísticos que as distinguiram: ‘Romeu e
Julieta’, ‘Frei Luís de Sousa’, ‘Os Velhos’, ‘As árvores morrem de pé’, a ‘chamar
para a mesa’ ilustres desaparecidos cuja memória não poderia estar ausente
deste momento alto do centenário, tudo serviu de motivo para solenizar esta
data marcante de 15 de Janeiro de 2004.
E na hora das intervenções, num momento
em que já havia saído o ‘fumo branco’ da eleição para os corpos gerentes do
próximo mandato da colectividade, pondo fim ao preocupante impasse referido na
imprensa, Ilda Simões, presidente da Assembleia Geral, depois de saudar os
presentes, saltou no tempo cem anos atrás para agarrar o fio daquela longa
meada de história iniciada por 14 tavaredenses que para abrirem uma Escola de
Ensino em Tavarede criaram a Sociedade de Instrução Tavaredense, iniciando uma
caminhada onde os obstáculos não faltaram mas veio a marcar a vida dos
tavaredenses com ‘os anónimos’ que tornaram possível o êxito desta
colectividade.
Também Teresa Machado, vereadora da
Câmara Municipal, aqui representada por Martins de Oliveira, se associou às
felicitações em honra do Centenário, pondo em realce o papel que o teatro
cultivado na SIT teve na divulgação do nome do Concelho da Figueira,
curvando-se mesmo ante a mensagem saída dos valiosos cenários que enriqueciam
as paredes do Pavilhão. Aplaudindo ‘o muito que aqui se tem feito pelo teatro…
e o que, por certo, irão continuar a fazer’, razão por que a Câmara não deixará
de apoiar este serviço a bem da Cultura. Em nome da Assembleia Municipal coube
ao Engº Daniel Santos reflectir sobre o honroso passado desta colectividade,
afirmando que ‘tão bom passado não pode deixar de fazer prever um bom futuro’.
E após curta intervenção de homenagem
da SIT, pelo Engº Muñoz de Oliveira a quem reconhecimento por esta obra
‘obrigou à saída de clandestinidade na sala’, usou da palavra o representante
do senhor Governador Civil, Ricardo Alves, para ‘aceitar o desafio de
relacionar os cenários expostos com as pessoas e com os discursos’ uma vez que
o entusiasmo que encheu este salão, fazendo dele uma ‘casa viva’ é a prova
inequívoca de que esta atitude é certeza de… ‘futuro garantido
E
foi em ambiente de grande entusiasmo que o Orfeão Académico de Coimbra encerrou
o histórico Jantar de Abertura do Centenário.
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